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Menina de 11 anos é a primeira morte por dengue em São Paulo em 2025
Capital paulista registra a primeira fatalidade pela doença; cobertura vacinal entre jovens é alarmantemente baixa
A cidade de São Paulo confirmou a primeira morte por dengue em 2025, ocorrida no dia 30 de janeiro. A vítima é uma menina de 11 anos, residente na região de Ermelino Matarazzo, na zona Leste da capital. A informação foi divulgada pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), vinculada à Secretaria Municipal da Saúde (SMS), que também informou que o caso passou por investigação epidemiológica no Instituto Adolfo Lutz (IAL).
A menina, que integrava a faixa etária elegível para vacinação contra a dengue, não havia recebido a imunização. O imunizante está disponível para jovens de 10 a 14 anos em 1.932 municípios selecionados pelo Ministério da Saúde, considerando a alta carga de dengue na região. Contudo, a adesão à vacinação é preocupantemente baixa, com apenas 38% do público-alvo na capital paulista tendo recebido a primeira dose e apenas 20% completado o esquema vacinal.
De acordo com dados da SMS, até o momento, a cidade registrou 3.721 casos confirmados de dengue em 2025, com outras 12 mortes sob investigação. O estado de São Paulo, por sua vez, contabiliza 150.272 casos prováveis da doença e 56 mortes confirmadas, o que representa uma concentração alarmante de infecções no Brasil.
A vacina utilizada no Sistema Único de Saúde (SUS) é a Qdenga, desenvolvida pela farmacêutica japonesa Takeda. Estudos publicados na revista científica The Lancet indicam que a vacina possui uma eficácia de 80,2% para prevenir casos de dengue e 90,4% para evitar hospitalizações nos doze meses seguintes à aplicação das duas doses.
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Entretanto, a cobertura vacinal permanece insatisfatória, especialmente em um momento em que o Brasil enfrenta a temporada de dengue, que ocorre durante o verão. Até o dia 8 de fevereiro, o país já havia registrado 257.284 casos de dengue e 72 mortes, além de 290 óbitos em investigação.
Comparando com o mesmo período de 2024, os números atuais são inferiores, mas ainda assim preocupantes. No ano passado, o Brasil enfrentou um surto histórico, com 6,6 milhões de infecções e 6,2 mil mortes. Apesar de uma queda em relação ao ano anterior, os registros de 2025 estão acima dos números do início de 2023 e da média histórica.
A situação é ainda mais crítica no estado de São Paulo, onde a tendência de aumento de casos é evidente. Até agora, 56 municípios paulistas decretaram emergência em saúde pública devido ao avanço da doença. O governo estadual já registrou 150,5 mil infecções e 56 mortes, superando os números do mesmo período do ano passado, quando foram contabilizados 102,7 mil casos.
As autoridades de saúde estão intensificando esforços para aumentar a cobertura vacinal entre crianças e adolescentes, realizando campanhas de busca ativa para garantir que o público-alvo receba a vacina. A faixa etária de 10 a 14 anos foi escolhida devido à alta taxa de hospitalização pela dengue, especialmente após os idosos, que não podem ser vacinados com a Qdenga, aprovada pela Anvisa apenas para pessoas entre 4 e 60 anos.
Para 2025, o Ministério da Saúde espera receber 9 milhões de doses adicionais da vacina, o que pode imunizar 4,5 milhões de pessoas. A vacinação é crucial para controlar a disseminação da dengue e proteger a população, especialmente em um cenário de aumento de casos e mortes pela doença.
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