Jorge Guaranho foi sentenciado por homicídio duplamente qualificado em caso que repercutiu nacionalmente.
13 de Fevereiro de 2025 às 15h07

Ex-policial bolsonarista é condenado a 20 anos por assassinato de petista em Foz do Iguaçu

Jorge Guaranho foi sentenciado por homicídio duplamente qualificado em caso que repercutiu nacionalmente.

O ex-policial penal Jorge Guaranho, de 40 anos, foi condenado a 20 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato de Marcelo Arruda, um guarda municipal e militante do Partido dos Trabalhadores (PT), ocorrido em julho de 2022 em Foz do Iguaçu, no Paraná. A decisão foi proferida nesta quinta-feira (13) pela juíza Michelle Pacheco Cintra Stadler, da 1ª Vara Privativa do Tribunal do Júri de Curitiba, após o veredicto de sete jurados.

O crime, que se destacou na polarização política do Brasil durante a campanha presidencial de 2022, gerou um intenso debate sobre a violência política no país. Guaranho foi considerado culpado por homicídio duplamente qualificado, motivado por divergências políticas e por colocar em risco a vida de outras pessoas ao disparar em um ambiente com convidados.

O assassinato ocorreu durante a festa de aniversário de 50 anos de Marcelo Arruda, que celebrava com amigos e familiares em um clube local. Na ocasião, Guaranho invadiu a festa, gritando o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro, provocando os presentes, que eram apoiadores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com o Ministério Público, Guaranho, ao se deparar com a temática petista da festa, decidiu agir de forma agressiva, ligando uma playlist de músicas de campanha de Bolsonaro em seu carro. Marcelo, ao ser provocado, respondeu com gritos e uma breve discussão se seguiu, onde Arruda lançou terra no veículo de Guaranho.

Após deixar o local, Guaranho retornou armado e, ao ser confrontado por Pamela Silva, companheira de Marcelo e policial civil, disparou contra Arruda, atingindo-o com dois tiros. Marcelo foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no dia seguinte.

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Durante o julgamento, a defesa de Guaranho tentou argumentar que Marcelo havia sacado uma arma primeiro, justificando a reação do ex-policial. No entanto, testemunhas e a perícia criminal contradisseram essa versão, afirmando que Guaranho foi o primeiro a disparar.

A defesa também ressaltou que Guaranho, que sofreu ferimentos graves durante o incidente, incluindo nove disparos, apresenta sequelas neurológicas e não se lembra do ocorrido. Ele chegou ao tribunal utilizando muletas, o que foi destacado por seu advogado como um fator que compromete sua memória sobre os eventos do crime.

A esposa de Guaranho, que deveria ser testemunha, foi dispensada pela defesa e não depôs. No entanto, em um vídeo apresentado, ela mencionou que a terra lançada por Marcelo atingiu seu filho, mas não causou ferimentos.

O julgamento durou três dias e culminou em uma decisão que ainda pode ser contestada em instâncias superiores. A repercussão do caso é significativa, refletindo a tensão política e social que permeia o Brasil atualmente.

Após a condenação, Guaranho, que foi demitido de seu cargo de policial penal, está preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. A decisão da juíza e os desdobramentos do caso devem continuar a ser acompanhados de perto pela sociedade.

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