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Hugo Motta se encontra com deputado investigado em operação da Polícia Federal
Deputado Afonso Motta (PDT-RS) não foi alvo da operação, mas busca acesso aos autos para esclarecer a situação.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), deve se reunir nesta quinta-feira (13) com o deputado Afonso Motta (PDT-RS), mencionado em uma investigação da Polícia Federal (PF) sobre supostos desvios de emendas parlamentares. A informação foi confirmada por Mário Heringer (PDT-MG), líder do partido na Casa, durante uma reunião de líderes.
“Hugo Motta mencionou que Afonso estaria vindo a Brasília e que eles teriam um encontro”, declarou Heringer. O encontro, segundo o líder, deve ocorrer até o final do dia. Em declarações à imprensa, o presidente da Câmara ressaltou que os órgãos legislativos estão acompanhando o caso “para garantir que tudo seja conduzido da forma mais correta possível”.
Na manhã desta quinta-feira, a PF deflagrou a Operação EmendaFest, cumprindo 11 mandados de busca e apreensão e dois mandados de busca pessoal em Brasília e em cinco municípios do Rio Grande do Sul. A operação investiga um esquema de desvio de recursos públicos destinados ao Hospital de Santa Cruz, no estado gaúcho. Entre os alvos da operação está Lino Rogério da Silva Furtado, assessor de Afonso Motta, que ocupa o cargo desde 2016.
Até o momento, a PF não apresentou acusações formais contra Afonso Motta. Em nota, a assessoria do deputado informou que ele e seu gabinete não foram alvos das buscas. O parlamentar aguarda acesso aos autos do processo para poder se manifestar sobre as investigações.
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Mário Heringer, líder do PDT, enfatizou a importância de se partir do princípio da inocência. “A Comissão de Ética do partido está acompanhando as investigações para tomar decisões futuras. Acredito sinceramente que Afonso não tem nada a ver com isso, mas, se houver alguma implicação, cada um será responsável por seus atos”, afirmou.
A investigação da PF revelou conversas entre Lino Rogério e Cliver André Fiegenbaum, diretor da Metroplan, que indicam planos de envio de emendas em troca de vantagens indevidas. A PF apurou que os investigados teriam ficado com 6% dos valores das emendas como contrapartida por sua atuação na captação de recursos.
Durante as diligências, foram apreendidos mais de R$ 350 mil em espécie, além de celulares escondidos em um escritório. O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a operação, que visa esclarecer os desdobramentos do suposto esquema de corrupção.
O primeiro-vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), destacou que as buscas não tinham como alvo Afonso Motta, mas sim seu assessor, que residia no local. Côrtes defendeu a transparência no uso de emendas parlamentares, mas alertou contra a criminalização generalizada do mecanismo, afirmando que “toda ilicitude com emendas deve ser tratada com total transparência”.
Entre os investigados, além de Lino Furtado e Cliver Fiegenbaum, a Justiça determinou o afastamento de dois outros envolvidos e o bloqueio de valores em contas de pessoas físicas e jurídicas relacionadas ao caso.
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