O ministro Alexandre de Moraes votou a favor de que o STF analise casos de Rubens Paiva e outras vítimas da ditadura militar.
14 de Fevereiro de 2025 às 14h08

STF pode reavaliar mortes de Rubens Paiva e outras vítimas da ditadura

O ministro Alexandre de Moraes votou a favor de que o STF analise casos de Rubens Paiva e outras vítimas da ditadura militar.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, manifestou-se a favor de que a Corte analise os processos relacionados às mortes do ex-deputado federal Rubens Paiva e de outras duas vítimas da ditadura militar brasileira. O voto foi registrado nesta sexta-feira, 14, e marca um passo significativo na reavaliação de casos emblemáticos de violações de direitos humanos durante o regime militar.

Durante a sessão, Moraes, que é o relator dos casos, votou para que os processos recebam o status de "repercussão geral". Essa designação implica que a decisão do STF não apenas afetará os casos em questão, mas também servirá como um precedente para julgamentos semelhantes em instâncias inferiores, promovendo uma uniformidade na interpretação da legislação.

Os casos em análise envolvem não apenas Rubens Paiva, que foi sequestrado e desaparecido em 1971, mas também Mário Alves de Souza Vieira, um dos fundadores do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), que foi sequestrado em 1970 e nunca mais foi visto, e Helder José Gomes Goulart, cuja ossada foi encontrada em 1992 no Cemitério de Perus, em São Paulo, um local conhecido por abrigar os restos de vítimas da repressão militar.

A discussão sobre a aplicação da Lei da Anistia, promulgada em 1979, é central para esses processos. A legislação concedeu perdão a crimes políticos e delitos conexos, mas a interpretação de sua abrangência em relação a crimes permanentes, como sequestros e ocultação de cadáveres, continua a ser debatida. O STF já havia decidido, em 2010, manter a validade da Lei da Anistia, mas novas análises podem alterar esse entendimento.

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O voto de Moraes destaca a importância de se discutir esses casos sob a ótica dos direitos humanos. Em sua manifestação, o ministro ressaltou que os casos em questão trazem um "panorama fático que, em princípio, não recebeu suficiente atenção da Corte" durante a decisão anterior sobre a Lei da Anistia.

O processo de análise começou no plenário virtual do STF e deve ser concluído até o dia 21 deste mês. Neste momento, os ministros estão realizando um exame preliminar para decidir se a repercussão geral será aplicada, sem entrar no mérito das questões envolvidas.

Se a repercussão geral for reconhecida, o STF realizará um novo julgamento para definir a tese que será aplicada aos casos, o que poderá ter implicações significativas para a justiça histórica e a memória do período ditatorial no Brasil.

O recente filme “Ainda Estou Aqui”, que retrata a vida de Rubens Paiva e sua esposa, Eunice Paiva, reacendeu o debate sobre os crimes cometidos durante a ditadura militar, destacando a dor e a busca por justiça de famílias de desaparecidos políticos.

O caso de Rubens Paiva, que nunca teve seu corpo encontrado, ilustra a luta contínua por reconhecimento e reparação das vítimas da repressão. A análise do STF poderá trazer novos desdobramentos para a interpretação da Lei da Anistia e a responsabilização dos envolvidos nas violações de direitos humanos.

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