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Milei promove criptomoeda em redes sociais e enfrenta críticas após colapso
O presidente argentino Javier Milei anunciou um token cripto para financiar empresas, mas recuou após desvalorização rápida.
O presidente da Argentina, Javier Milei, causou alvoroço no mercado de criptomoedas ao promover, na sexta-feira (14), um novo token chamado $LIBRA, destinado a financiar pequenas e médias empresas. A divulgação ocorreu em suas contas nas redes sociais, mas horas depois, diante da rápida desvalorização do ativo, Milei decidiu recuar e não continuar a apoiar a iniciativa.
“Eu não estava ciente dos detalhes do projeto e, após tomar conhecimento, decidi não continuar divulgando”, explicou Milei em uma publicação no X, plataforma anteriormente conhecida como Twitter, onde também excluiu a postagem original que promovia o projeto denominado “Viva La Libertad Project”.
O anúncio inicial do presidente, que incluía um link para o projeto e uma imagem, descrevia a criptomoeda como “um projeto privado” que visava “incentivar o crescimento da economia argentina, financiando pequenas empresas e empreendimentos”.
Na mensagem, Milei afirmou que “o mundo quer investir na Argentina” e mencionou o token, uma unidade de valor digital baseada na tecnologia blockchain, mas sem lastro em moeda real. O valor do $LIBRA disparou inicialmente, alcançando um pico de US$ 4.978 (aproximadamente R$ 28.512), mas logo despencou, levando a uma onda de críticas sobre a possibilidade de fraude.
Especialistas em economia e críticos políticos rapidamente levantaram preocupações sobre a legitimidade do ativo. Javier Smaldone, um influenciador digital e especialista em tecnologia, afirmou que o presidente havia “lançado publicamente uma fraude global”. Ele destacou que cerca de 80% do ativo estava nas mãos de poucos investidores antes do apoio de Milei.
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Após o colapso do valor do token, líderes da oposição, como o senador Martín Lousteau, expressaram indignação, lembrando que esta não é a primeira vez que Milei se envolve em iniciativas controversas relacionadas a criptomoedas. Em 2021, o então deputado promoveu a plataforma CoinX, que também está sob investigação por alegações de fraude.
Para o deputado Maximiliano Ferraro, da Coalizão Cívica, o episódio com o $LIBRA foi uma “manobra especulativa” que poderia ter sido impulsionada pela influência política do presidente. Ele sugeriu que o Congresso deveria criar uma comissão especial de investigação para esclarecer os fatos e determinar responsabilidades.
O governo argentino, por sua vez, anunciou uma investigação urgente sobre a situação. A Presidência informou que o Escritório Anticorrupção analisará se houve conduta imprópria por parte de qualquer membro do governo, incluindo o próprio presidente. A medida foi anunciada após um aumento significativo das críticas e preocupações sobre a transparência do projeto.
O caso do $LIBRA não apenas levantou questões sobre a integridade do governo de Milei, mas também sobre a confiança do público em novas iniciativas de criptomoedas na Argentina. O episódio gerou um debate acalorado sobre a regulamentação e supervisão do mercado de criptoativos no país.
Com a crescente desconfiança em relação ao projeto, o futuro do token $LIBRA e a credibilidade de Milei como líder político estão agora sob intensa escrutínio. A situação evidencia a necessidade de um debate mais amplo sobre a responsabilidade e a ética na promoção de ativos financeiros no cenário argentino.
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