Presidente argentino nega ter promovido a $LIBRA e enfrenta investigações após polêmica
18 de Fevereiro de 2025 às 09h10

Milei se defende de acusações sobre criptomoeda e afirma agir 'de boa-fé'

Presidente argentino nega ter promovido a $LIBRA e enfrenta investigações após polêmica

O presidente da Argentina, Javier Milei, se posicionou nesta segunda-feira (17) em relação às acusações sobre sua suposta promoção da criptomoeda $LIBRA. Em entrevista ao canal de TV local TN, Milei afirmou que não promoveu a moeda digital, mas apenas a divulgou, agindo "de boa-fé" ao compartilhar informações sobre o ativo em sua conta na rede social X.

A polêmica teve início na última sexta-feira (14), quando Milei anunciou um projeto para financiar empresas locais, incluindo um link para a compra da criptomoeda recém-lançada. Após a repercussão negativa e críticas de economistas e especialistas, o presidente apagou a publicação, o que gerou desconfiança sobre sua atuação.

O valor da $LIBRA disparou rapidamente após o anúncio, levando alguns investidores a lucrar milhões antes que a moeda despencasse. "Eu não a promovi; eu a divulguei", declarou Milei, se defendendo das acusações de que teria utilizado informações privilegiadas. Ele ressaltou que a questão é um "problema entre privados", afirmando que o Estado não tem papel na situação.

Um tribunal federal foi designado para centralizar as investigações sobre Milei, que enfrenta denúncias de crimes como associação criminosa e fraude, com a organização social Observatório do Direito à Cidade alegando que mais de 40 mil pessoas foram afetadas, resultando em perdas superiores a 4 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 23 bilhões).

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Milei também se defendeu, afirmando que a proposta de criar um instrumento para financiar projetos parecia interessante. Ele se descreveu como um "tecno-otimista fanático" e disse que a ideia era ajudar os argentinos. Entretanto, o escândalo gerou um clima de incerteza no mercado financeiro, com a bolsa argentina registrando uma queda de quase 6% no fechamento.

Analistas políticos, como Carlos Germano, comentaram que a credibilidade de Milei, que era considerada "impecável", foi abalada pelo episódio. Germano acredita que o impeachment do presidente é inviável no momento, pois não haveria votos suficientes para tal medida, e a sociedade ainda o apoia, especialmente em relação à luta contra a inflação.

A situação se complicou ainda mais com a apresentação de uma denúncia ao FBI e ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos por um escritório de advocacia, que alega que a fraude afetou milhares de investidores, incluindo cidadãos americanos. A denúncia envolve Milei e outros quatro indivíduos, como Hayden Davis, um dos criadores da criptomoeda.

Deputados opositores já anunciaram a intenção de promover um julgamento político e convocar Milei para interrogatório. O clima tenso no cenário político argentino continua, com a oposição buscando formas de responsabilizar o presidente pelo escândalo.

O episódio também trouxe à tona a necessidade de maior transparência nas ações do governo, uma vez que a confiança no mercado e nas instituições está em jogo. A situação permanece em desenvolvimento, com novas informações surgindo a cada dia.

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