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Ministério da Saúde incorpora vacina e anticorpo contra VSR no SUS
A nova medida visa proteger crianças e gestantes contra bronquiolite causada pelo VSR, principal causa de internações infantis.
O Ministério da Saúde anunciou, nesta segunda-feira (17), a incorporação de duas novas tecnologias para a prevenção de complicações causadas pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR) no Sistema Único de Saúde (SUS). A vacina Abrysvo, desenvolvida pela Pfizer, e o anticorpo monoclonal Beyfortus, da Sanofi, serão disponibilizados para a população, especialmente para crianças e gestantes.
A decisão do ministério segue a recomendação favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), que emitiu parecer positivo na última semana. A portaria oficializando a inclusão das novas estratégias deve ser publicada nos próximos dias.
Dados da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) revelam que o VSR é responsável por cerca de 80% dos casos de bronquiolite em crianças menores de dois anos e até 60% das pneumonias nessa faixa etária. A bronquiolite é uma síndrome respiratória que compromete a oxigenação dos pulmões, sendo mais grave em bebês e crianças pequenas.
“As crianças brasileiras, com ou sem convênio, muito em breve poderão dispor de uma proteção contra o vírus sincicial respiratório, que é a principal causa de hospitalização no primeiro ano de vida”, afirmou Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
A vacina Abrysvo, aprovada pela Anvisa em abril de 2024, é aplicada em gestantes entre o segundo e o terceiro trimestre da gravidez. Essa estratégia visa que a mãe desenvolva anticorpos que serão transferidos ao bebê, proporcionando proteção nos primeiros meses de vida.
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Nos estudos clínicos, a vacina demonstrou eficácia significativa, prevenindo 82% das formas graves de doenças respiratórias causadas pelo VSR em crianças de até três meses e 69% em bebês até seis meses. A expectativa é que a vacina beneficie cerca de 2 milhões de nascidos vivos anualmente.
Além da vacina, o anticorpo monoclonal nirsevimabe, também conhecido como Beyfortus, será incorporado ao SUS. Este imunizante é indicado para recém-nascidos e crianças até 24 meses, especialmente aqueles que são prematuros ou possuem comorbidades. O nirsevimabe oferece proteção imediata, uma vez que contém anticorpos prontos, dispensando a ativação do sistema imunológico.
A expectativa é que, com a introdução dessas tecnologias, a proteção se amplie para mais 300 mil crianças, reduzindo assim a taxa de internações e complicações relacionadas ao VSR. O ministério ressalta que a medida é um avanço significativo na política de imunização e no cuidado com gestantes e bebês.
Na América Latina, países como Argentina e Uruguai já incorporaram a vacina contra o VSR em suas redes públicas de saúde. A Pfizer também firmou um acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para a distribuição do imunizante entre os Estados membros.
Com a incorporação da vacina e do anticorpo monoclonal, o Ministério da Saúde reafirma seu compromisso em combater a mortalidade infantil e aliviar a pressão sobre o sistema de saúde, que enfrenta grandes desafios durante os períodos de alta circulação do VSR.
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