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Brasil aceita convite da Opep+ e se junta a grupo de grandes produtores de petróleo
Decisão foi anunciada pelo ministro Alexandre Silveira após reunião do CNPE. Críticas surgem de ambientalistas sobre a adesão.
O governo brasileiro decidiu, nesta terça-feira (18), aceitar o convite da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+) para que o Brasil ingresse no grupo de países aliados do cartel. A confirmação foi feita pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, após reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
A Opep, criada em 1960, reúne atualmente 13 grandes países produtores de petróleo, incluindo Arábia Saudita, Irã, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Venezuela. O grupo Opep+ foi formado em 2016 e inclui outros dez países, como a Rússia, que se reúnem regularmente para discutir a produção e a comercialização de petróleo no mercado global.
“O Brasil foi convidado para que nós fizéssemos parte da carta de cooperação. O que fizemos hoje foi exatamente discutir a entrada do Brasil em três organismos internacionais. Autorizamos iniciar o processo de adesão à Agência Internacional de Energia (EIA), isso está aprovado. A continuidade do que foi suspenso no governo anterior, que é a adesão à Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena), também foi decidido”, afirmou Silveira.
O anúncio ocorre em um momento em que o Brasil se prepara para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), que será realizada em Belém (PA). A decisão de ingressar na Opep+ gerou críticas de ambientalistas, que alertam que a adesão pode prejudicar a imagem do Brasil como líder em questões climáticas.
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Camila Jardim, representante do Greenpeace Brasil, afirmou que a decisão do governo “envia o sinal errado para o resto do mundo”, especialmente em um ano em que o país irá sediar um evento internacional focado nas mudanças climáticas. “O Brasil vai na contramão ao buscar integrar um grupo que funciona como um cartel do petróleo, trabalhando para sustentar preços lucrativos por meio do controle da oferta”, declarou.
Pablo Nava, especialista em transição energética da mesma ONG, ressaltou que o Brasil não precisa ingressar na Opep+ para ter sucesso em sua política internacional. “O país poderia aprofundar suas relações com alguns desses países em outros fóruns multilaterais para ampliar os diferentes caminhos e modelos de transição energética e economia de baixo carbono”, afirmou Nava.
Com produção de 3,672 milhões de barris de petróleo por dia, o Brasil é o nono maior produtor de petróleo do mundo e o primeiro da América Latina. A decisão de ingressar na Opep+ pode abrir novas oportunidades de diálogo com outros países produtores, mas também levanta preocupações sobre o comprometimento do Brasil com suas metas climáticas.
O ministro Silveira defendeu a adesão, afirmando que é “apenas uma carta e fórum de discussão de estratégias dos países produtores de petróleo. Não devemos nos envergonhar de sermos produtores de petróleo”. A Opep+ se reúne regularmente para decidir a quantidade de petróleo bruto que será comercializada no mercado mundial, o que pode influenciar os preços do combustível.
A adesão do Brasil à Opep+ representa uma mudança significativa na política energética do país, que até então buscava diversificar suas fontes de energia e reduzir a dependência de combustíveis fósseis. A expectativa é que a decisão gere debates acalorados sobre o futuro da política energética brasileira e seu compromisso com a sustentabilidade.
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