Ex-presidente é acusado de cinco crimes, incluindo abolição violenta do Estado Democrático de Direito, sancionados por ele em 2021.
19 de Fevereiro de 2025 às 12h02

Denúncia contra Bolsonaro envolve crimes que ele mesmo sancionou como presidente

Ex-presidente é acusado de cinco crimes, incluindo abolição violenta do Estado Democrático de Direito, sancionados por ele em 2021.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou uma denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 33 pessoas, atribuindo a eles cinco crimes previstos na legislação que protege a democracia. Essa norma, sancionada por Bolsonaro em 2021, revogou a antiga Lei de Segurança Nacional, herdada da ditadura militar.

Entre os crimes mencionados na denúncia estão a abolição violenta do Estado Democrático de Direito e o golpe de Estado, ambos sancionados pelo ex-presidente em setembro de 2021. A legislação estabelece penas que variam de quatro a doze anos de prisão para esses delitos.

O crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito é definido como a tentativa de suprimir o regime democrático por meio de violência ou grave ameaça, enquanto o golpe de Estado refere-se à tentativa de destituir um governo legitimamente constituído. A pena para o primeiro varia de quatro a oito anos, e para o segundo, de quatro a doze anos.

A denúncia foi formalizada pelo procurador-geral Paulo Gonet, que destacou a gravidade das acusações. Se o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitar a denúncia, será instaurado um processo penal, e os denunciados se tornarão réus.

Além de Bolsonaro, ex-ministros de seu governo, como Augusto Heleno, Walter Braga Netto, Anderson Torres e Damares Alves, também estão entre os acusados. Todos eles assinaram a sanção da lei que agora é utilizada para fundamentar as acusações.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

A defesa de Jair Bolsonaro se manifestou, classificando a denúncia como “inepta” e “incoerente”. Os advogados argumentam que a acusação é baseada em um acordo de colaboração do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, que eles consideram fantasioso.

Bolsonaro, em sua defesa, afirmou que, apesar de quase dois anos de investigações, “nenhum elemento que conectasse minimamente o ex-presidente à narrativa construída na denúncia foi encontrado”.

A lei que sancionou os crimes em questão foi um esforço para atualizar a legislação penal, substituindo a Lei de Segurança Nacional, que ficou obsoleta e foi criticada por sua origem durante a ditadura militar. O novo texto visou reforçar a proteção das instituições democráticas, incluindo punições para tentativas de desestabilização do governo.

Os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado foram introduzidos no Código Penal por meio da nova legislação, que se tornou um marco na proteção da democracia no Brasil. A sanção dessa lei por Bolsonaro, enquanto ele ainda ocupava a presidência, levanta questões sobre a sua responsabilidade em relação aos atos que agora são objeto de investigação.

Com a denúncia, o ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta um cenário jurídico complexo, que pode resultar em consequências legais significativas, caso as acusações sejam confirmadas pelo STF.

Veja também:

Tópicos: