O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou a denúncia da PGR e fez comparações com regimes autoritários.
20 de Fevereiro de 2025 às 09h34

Bolsonaro classifica denúncia como 'truque' e se apresenta como líder da oposição

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou a denúncia da PGR e fez comparações com regimes autoritários.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifestou nesta quarta-feira, 19, sobre a denúncia recebida pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em suas declarações, Bolsonaro comparou o processo a uma "cartilha conhecida" utilizada em países como Venezuela, Cuba e Bolívia, e chamou a acusação formal de "truque". O ex-presidente fez seu pronunciamento em seu perfil na rede social X (antigo Twitter).

Em seu texto, Bolsonaro argumentou que, em "regimes autoritários", é comum "fabricar inimigos internos para justificar perseguições, censuras e prisões arbitrárias". Ele enfatizou que "o mundo está atento ao que se passa no Brasil" e criticou a prática de acusar líderes da oposição democrática de tramar golpes, afirmando que isso não é uma novidade.

Os crimes que estão sendo imputados a Bolsonaro e a outros acusados pela PGR incluem organização criminosa, abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de Estado, dano qualificado com uso de violência, além de grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

Esta foi a primeira vez que o ex-presidente se pronunciou publicamente após ser denunciado. Até então, ele havia se limitado a compartilhar postagens de aliados que o defendiam ou que buscavam descredibilizar as acusações.

Reunião com parlamentares

Na manhã do dia anterior, Bolsonaro participou de uma reunião em Brasília com parlamentares da oposição para discutir estratégias de ação após a denúncia da PGR. O encontro ocorreu na residência do deputado Zucco (PL-RS), que é o líder da oposição na Câmara.

Durante a reunião, o ministro do Supremo Alexandre de Moraes determinou o fim do sigilo do acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência.

Parlamentares presentes relataram que Bolsonaro se mostrou tranquilo e confiante nas estratégias propostas pelo grupo. A tática inicial dos aliados do ex-presidente é contestar a denúncia da PGR, alegando que as provas apresentadas pela Polícia Federal são fracas.

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Os parlamentares também acreditam que a denúncia pode inflamar o país. O ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, mencionou declarações do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que indicam que Bolsonaro colaborou com a transição de governo em 2022.

Defesa e apoio político

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), saiu em defesa de Bolsonaro, seu padrinho político. Em sua publicação no X, Tarcísio afirmou que o ex-presidente "jamais compactuou" com tentativas de golpe e reforçou que Bolsonaro é a principal liderança política do Brasil.

Os advogados de Bolsonaro, em nota divulgada recentemente, qualificaram a denúncia como "inepta", "precária" e "incoerente", argumentando que ela se baseia em uma "narrativa fantasiosa" de Mauro Cid. A defesa também ressaltou que, apesar de quase dois anos de investigações, não foram encontrados elementos que conectassem o ex-presidente à narrativa da denúncia.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também se manifestou, afirmando que não há "nenhuma prova" contra seu pai e criticou o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e o ministro Alexandre de Moraes, alegando que as ações do PGR atendem a interesses políticos.

Repercussão da denúncia

A denúncia gerou reações diversas, incluindo comemorações durante a festa de aniversário do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). Guimarães fez um discurso entusiástico mencionando a denúncia como um "presente" e expressou sua satisfação com a ação da PGR.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, também comentou sobre a denúncia, destacando sua importância para aqueles que defendem a democracia. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-CE), complementou a fala de Guimarães, reforçando a ideia de que a denúncia é um "belo presente".

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