Projeto de Lei 3821/24 prevê reclusão e multa para quem manipular imagens de nudez com tecnologia
20 de Fevereiro de 2025 às 12h35

Câmara aprova pena de até seis anos para quem divulgar nudez gerada por IA

Projeto de Lei 3821/24 prevê reclusão e multa para quem manipular imagens de nudez com tecnologia

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (19) o Projeto de Lei 3821/24, que tipifica como crime a manipulação, produção ou divulgação de conteúdo de nudez ou ato sexual falso gerado por inteligência artificial (IA) e outras tecnologias. O projeto agora segue para análise no Senado.

De acordo com a proposta, de autoria da deputada Amanda Gentil (PP-MA), a pena para quem cometer esse crime varia de dois a seis anos de reclusão, além de multa, caso não se trate de um crime mais grave. A penalidade será aumentada se a vítima for mulher, criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.

O texto também prevê que, em casos de disseminação em massa por redes sociais ou plataformas digitais, a pena poderá ser aumentada em até 100%, dependendo da gravidade da situação. A relatora do projeto, deputada Yandra Moura (União-SE), enfatizou que a proposta não visa censurar a liberdade de expressão, mas sim coibir abusos que possam prejudicar a imagem das pessoas.

“A inviolabilidade da imagem não se limita aos meios físicos de violação. Não podemos nos esquivar de regulamentar o uso das tecnologias referentes à inteligência artificial e aos limites de seu uso”, afirmou Yandra Moura durante a discussão do projeto.

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Além disso, o projeto inclui no Código Eleitoral a proibição do uso de imagens manipuladas em campanhas eleitorais, com aumento de pena quando a ofendida for mulher, pessoa com deficiência ou idosa. Se a conduta for praticada por um candidato, ele poderá ter seu registro de candidatura ou diploma cassados.

A deputada Amanda Gentil ressaltou que a manipulação de imagens sexuais com inteligência artificial, especialmente os chamados “deepnudes”, afasta mulheres da política e perpetua a sub-representação nos espaços de poder. “A legislação atual não é suficiente para punir o crime com o rigor necessário”, disse.

Durante o debate, a deputada Gisela Simona (União-MT) destacou que a proposta é específica e visa proteger a dignidade sexual de todos. “No momento da eleição, são as mulheres que são atacadas na sua dignidade pessoal”, afirmou.

O deputado Jorge Solla (PT-BA) também se manifestou, afirmando que é fundamental deixar claro que distorcer imagens com inteligência artificial é crime. “Vamos colocar isso no Código Penal. Todos que usarem imagens e distorcerem serão condenados”, declarou.

Com a aprovação na Câmara, o projeto agora aguarda tramitação no Senado, onde poderá ser debatido e eventualmente modificado antes de se tornar lei.

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