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Investigação judicial sobre abusos na instituição católica de Bétarram avança com detenção
Um ex-supervisor da escola católica é acusado de violação, enquanto outros dois homens foram liberados devido à prescrição.
A investigação sobre os abusos ocorridos na instituição católica de Notre-Dame de Bétarram, localizada na região de Bearn, ganhou novos desdobramentos. Na última sexta-feira, 21 de fevereiro, uma informação judicial foi oficialmente aberta, visando um ex-supervisor da escola, nascido em 1965, que ainda estava em atividade até o ano passado. Este indivíduo foi afastado após o início da investigação judicial.
O procurador Rodolphe Jarry confirmou que o ex-supervisor é o único dos três homens que foram detidos na quarta-feira a enfrentar acusações de violação e agressões sexuais. Os outros dois homens, nascidos em 1931 e 1955, foram liberados devido à prescrição dos crimes que lhes eram atribuídos.
A investigação se intensificou após a apresentação de 132 queixas por parte de vítimas, que eram crianças ou adolescentes na época dos supostos abusos. Os relatos incluem práticas de masturbação e fellatio forçadas, além de punições físicas e humilhações. A gravidade das acusações levou as autoridades a mobilizar uma equipe de gendarmes da seção de pesquisas de Pau, que tem trabalhado diligentemente desde o início do ano.
O caso de Bétarram não é isolado; ele se insere em um contexto mais amplo de denúncias de abusos em instituições religiosas. Nos últimos meses, vários ex-alunos da escola têm se manifestado publicamente, compartilhando suas experiências traumáticas. Um deles, Olivier Bunel, que estudou na instituição entre 1982 e 1984, descreveu o ambiente como "um verdadeiro gulag" e afirmou que "o mundo dos internos era marcado por violência extrema e abusos sexuais".
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A repercussão do caso também trouxe à tona a figura do atual Primeiro-Ministro da França, François Bayrou, que foi prefeito de Pau por uma década e ministro da Educação Nacional durante o período em que as primeiras queixas foram registradas em 1996. Bayrou tem sido alvo de críticas, com muitos afirmando que ele estava ciente dos abusos que ocorriam na instituição. No entanto, ele nega veementemente qualquer conhecimento sobre os fatos.
Uma antiga professora da escola, Françoise Gullung, afirmou que alertou Bayrou sobre a situação, tanto verbalmente quanto por escrito, mas não obteve resposta. Ela recorda um incidente em que ouviu um aluno gritar enquanto era agredido por um membro da equipe.
O caso de Bétarram levanta preocupações sobre a proteção de crianças em instituições educacionais e a necessidade de um controle mais rigoroso sobre as práticas dentro dessas instituições. O procurador Jarry anunciou que uma reunião informativa será realizada em breve para as vítimas do caso, a fim de discutir os próximos passos da investigação.
As autoridades continuam a coletar depoimentos e evidências, com a expectativa de que mais vítimas possam se manifestar. O caso é um lembrete sombrio da necessidade de vigilância e responsabilidade em instituições que têm a missão de cuidar e educar crianças.
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