Presidente argentino reafirma intenção de buscar acordo com EUA e critica Mercosul em discurso no Congresso.
02 de Março de 2025 às 23h15

Milei ameaça deixar Mercosul e critica bloco por beneficiar apenas brasileiros

Presidente argentino reafirma intenção de buscar acordo com EUA e critica Mercosul em discurso no Congresso.

O presidente da Argentina, Javier Milei, voltou a ameaçar a saída do Mercosul durante seu discurso na abertura do Congresso argentino, realizado no último sábado (1º). Em suas declarações, ele criticou o bloco econômico, que reúne Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívias, afirmando que ele enriqueceu apenas os brasileiros, enquanto os argentinos enfrentam dificuldades financeiras.

Milei, que já havia abordado essa possibilidade anteriormente, enfatizou que a Argentina deve aproveitar uma “oportunidade histórica” para firmar um acordo comercial com os Estados Unidos. “Para aproveitar esta oportunidade, é necessário estar disposto a flexibilizar ou até mesmo sair do Mercosul, que desde sua criação só conseguiu enriquecer os grandes industriais brasileiros às custas do empobrecimento dos argentinos”, declarou o presidente.

“O primeiro passo nesta trilha é a oportunidade histórica que temos de entrar em um acordo comercial com os EUA. É necessário estar disposto a flexibilizar ou mesmo sair do Mercosul”, disse Milei.

Durante seu discurso, Milei também mencionou sua “motosserra”, que simboliza seu plano de desmonte do Estado, como uma representação de “uma mudança de época” para o país. Ele afirmou que “os olhos do mundo hoje estão voltados para a Argentina”, destacando que outros países estão observando as reformas implementadas por sua gestão.

O presidente argentino anunciou que está próximo de fechar um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que incluirá um empréstimo para eliminar os controles cambiais ainda este ano. Ele esclareceu que o pagamento da dívida virá de um maior ajuste fiscal, por meio da redução dos gastos públicos.

Em seu discurso de 45 minutos, Milei fez um balanço de seu primeiro ano de governo, classificando seu programa econômico como “o mais bem-sucedido até hoje”. Ele afirmou que a inflação foi reduzida em uma velocidade sem precedentes, passando de 26% em dezembro de 2023 para pouco mais de 2% em janeiro.

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Além disso, Milei já havia manifestado em janeiro sua disposição de retirar a Argentina do Mercosul, caso isso seja necessário para concluir um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. “Se a condição extrema fosse essa, sim”, respondeu o chefe de Estado quando questionado sobre a possibilidade de deixar o Mercosul para firmar um acordo com Washington.

As declarações de Milei foram feitas durante um evento em Davos, na Suíça, em paralelo ao Fórum Econômico Mundial. Ele destacou que está trabalhando intensamente na possibilidade de negociar um tratado de livre comércio com os EUA, um plano que seu governo busca há meses para ajudar a levantar os rígidos controles de capital e câmbio da Argentina.

O Mercosul, criado em 1991, inclui Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e, desde 2023, a Bolívia. A Venezuela foi suspensa em 2016. Recentemente, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a conclusão das negociações para um acordo entre a União Europeia e o Mercosul, que ainda precisa ser ratificado.

No entanto, diversos países, incluindo a França, expressaram insatisfação com o acordo, buscando reunir outros países europeus para bloquear sua ratificação.

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