
Ainda Estou Aqui conquista Oscar de melhor filme internacional e faz história para o Brasil
Filme de Walter Salles sobre Eunice Paiva é premiado pela primeira vez na categoria. Confira os detalhes da cerimônia.
Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, fez história ao conquistar o Oscar de Melhor Filme Internacional no último domingo (02/03), marcando a primeira vitória do Brasil nessa categoria. O longa, que retrata a trajetória de Eunice Paiva na busca por respostas sobre o desaparecimento de seu marido durante a ditadura militar, superou concorrentes como A Garota da Agulha, da Dinamarca, e Emilia Pérez, da França.
O filme, que já havia sido indicado em cinco edições anteriores do Oscar, finalmente trouxe para casa a estatueta, um feito que foi amplamente celebrado na imprensa internacional. O The Guardian destacou a conquista como "um momento histórico para o Brasil no Oscar", ressaltando a importância do reconhecimento do cinema latino-americano na premiação.
Além de Melhor Filme Internacional, o longa também recebeu indicações em outras categorias, incluindo Melhor Atriz, para Fernanda Torres. No entanto, o prêmio de Melhor Atriz foi para Mikey Madison, de 25 anos, por sua atuação em Anora, que também levou o prêmio de Melhor Filme.
Durante a cerimônia no Dolby Theater, Salles homenageou a coragem de Eunice Paiva, afirmando que “esse prêmio vai para uma mulher que, após sofrer uma perda em um regime autoritário, decidiu não se curvar e resistir”. A presença de Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres e a primeira brasileira indicada ao Oscar, no filme, também foi ressaltada pelo diretor.
O impacto da vitória de Ainda Estou Aqui foi sentido em todo o Brasil, especialmente durante o Carnaval, onde a imagem de Fernanda Torres se tornou um símbolo de celebração. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou seu orgulho nas redes sociais, afirmando que o dia era de celebrar a cultura e a democracia brasileiras.


A trama do filme, ambientada no Rio de Janeiro na década de 1970, narra a luta de Eunice Paiva para ter a morte do marido reconhecida, enquanto cria seus cinco filhos e se reinventa como defensora dos direitos humanos, especialmente na área jurídica para povos indígenas.
A vitória de Salles e sua equipe não apenas inscreve o Brasil na história do Oscar, mas também destaca a relevância do país no cinema mundial. A crítica especializada, incluindo publicações como o New York Times e a Variety, elogiou a produção como um testemunho poderoso da resiliência de uma nação que ainda lida com as cicatrizes de seu passado.
O filme, que já se tornou um fenômeno de bilheteira, foi considerado uma porta de entrada para discussões sobre a ditadura militar no Brasil, despertando o interesse de novas gerações que buscam entender a história do país de forma mais profunda.
Com essa conquista, o Brasil se junta a um seleto grupo de países que já venceram na categoria de Melhor Filme Internacional, reforçando a importância do cinema latino-americano no cenário global.
O primeiro filme brasileiro a ser indicado ao Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro foi O Pagador de Promessas, em 1963, e desde então, a trajetória do país nas premiações internacionais tem sido marcada por altos e baixos. Contudo, a vitória de Ainda Estou Aqui representa um novo capítulo na história do cinema brasileiro.
O filme não apenas conquistou prêmios, mas também reacendeu debates sobre os crimes da ditadura militar, inspirando novos pedidos por justiça e reconhecimento das vítimas desse período sombrio da história brasileira.
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