
Eduardo Bolsonaro critica filme vencedor do Oscar e ataca diretor Walter Salles
Deputado federal afirma que 'Ainda estou aqui' retrata 'ditadura inexistente' e defende liberdade de expressão nos EUA
Após a vitória do filme "Ainda estou aqui" como Melhor Filme Internacional no Oscar 2025, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fez duras críticas ao diretor Walter Salles. Em uma postagem nas redes sociais, o parlamentar, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou que a obra representa uma "ditadura inexistente" e chamou o cineasta de "psicopata cínico" por suas críticas ao governo americano.
Eduardo Bolsonaro expressou sua indignação em relação ao filme, que retrata a luta de Eunice Paiva pela justiça após a morte de seu marido, Rubens Paiva, durante a ditadura militar brasileira (1964-1985). O deputado argumentou que o diretor poderia criticar livremente o governo dos Estados Unidos, mas que esse mesmo direito não seria garantido a opositores do governo no Brasil.
“Acredito que o sujeito que bate palmas para a prisão de mães de família, idosos e trabalhadores inocentes, enquanto faz filme de uma ditadura inexistente e reclama do governo americano, que lhe dá todos os direitos e garantias para que suas reclamações públicas sejam respeitadas, define, em essência, o conceito do psicopata cínico”, escreveu Eduardo em sua conta no X.
A crítica de Eduardo Bolsonaro foi uma resposta a uma declaração de Walter Salles, que, em uma entrevista coletiva em Los Angeles, comentou sobre a fragilização da democracia nos Estados Unidos e como o filme ressoou com o público americano. Salles afirmou que o longa se tornou próximo de quem o assistiu, refletindo um momento de crescente autoritarismo no mundo.


Na mesma postagem, Eduardo Bolsonaro também atacou diretamente o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, insinuando que qualquer crítica ao regime vigente no Brasil resultaria em prisão. “Se qualquer brasileiro fizer essa mesma crítica ao regime instaurado por Alexandre de Moraes, que Walter Salles aplaude e legitima, estaria com certeza na cadeia gozando de todos os esplendores da democracia da esquerda”, ironizou.
A repercussão do filme "Ainda estou aqui" gerou um debate acalorado nas redes sociais, com muitos usuários exaltando a cultura nacional e a representação positiva do Brasil no exterior. Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) indicou que houve um silenciamento de vozes de direita em relação ao filme, com poucas publicações parabenizando a vitória no Oscar.
O sociólogo Marco Aurélio Ruediger, diretor da Escola de Comunicação da FGV, comentou que a vitória do filme pode abrir uma oportunidade para o Brasil se unir e se reinventar, superando a polarização política. Ele destacou que a obra traz uma mensagem de força e resiliência, especialmente no que diz respeito à luta das mulheres e à busca por justiça.
O filme, que se tornou um marco na história do cinema brasileiro ao conquistar o Oscar, narra a trajetória de Eunice Paiva em sua busca por justiça após a prisão e assassinato de seu marido, Rubens Paiva, um deputado federal cassado pela ditadura militar. A obra foi bem recebida pela crítica e pelo público, destacando-se como um importante relato sobre os horrores do regime militar no Brasil.
Com a vitória no Oscar, "Ainda estou aqui" não apenas conquistou prêmios, mas também reacendeu discussões sobre a memória histórica e a importância de se recordar os eventos da ditadura militar brasileira. O filme se destaca por sua abordagem sensível e impactante sobre um tema que ainda gera controvérsias e divisões na sociedade brasileira.
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