
Hamas afirma que ameaças de Trump incentivam Israel a romper cessar-fogo em Gaza
Grupo palestino critica declarações do presidente dos EUA, que exigiu a liberação imediata de reféns.
O Hamas declarou nesta quinta-feira (6) que as ameaças reiteradas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra os palestinos servem como apoio ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para que este abandone o acordo de cessar-fogo em Gaza e intensifique o cerco à população local.
Em uma postagem na rede social Truth Social, Trump exigiu na quarta-feira (5) que o Hamas “libertasse todos os reféns agora, não depois, ou acabou para vocês”, incluindo os corpos de pessoas mortas que ainda estão sob a custódia do grupo.
A declaração de Trump ocorreu após informações de uma autoridade israelense e da Casa Branca indicando que os Estados Unidos estão negociando diretamente com o Hamas sobre a questão dos reféns e o cessar-fogo em Gaza, uma mudança significativa na política americana que tradicionalmente evita diálogos com grupos considerados terroristas.
Uma fonte israelense confirmou à imprensa que Israel está ciente dos contatos diretos entre os EUA e o Hamas. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, também confirmou que as negociações estão em andamento.
Essas conversas foram inicialmente relatadas pelo site Axios, que informou que as negociações ocorreram nas últimas semanas na capital do Catar, Doha.


O porta-voz do Hamas, Abdel-Latif Al-Qanoua, afirmou que “o melhor caminho para libertar os prisioneiros israelenses restantes é que a ocupação entre na segunda fase e a obrigue a aderir ao acordo assinado sob a mediação de terceiros”.
O acordo de cessar-fogo, que entrou em vigor em janeiro, foi negociado com a participação do enviado de Trump e de representantes do governo Biden. Ele prevê que os reféns restantes sejam libertados em uma segunda fase, durante a qual os termos finais para o fim da guerra seriam discutidos.
Desde o término da primeira fase do cessar-fogo, que se deu no último sábado, Israel impôs um bloqueio total sobre a entrada de produtos em Gaza, exigindo que o Hamas liberasse os reféns sem iniciar as negociações para encerrar o conflito.
Organizações palestinas alertam que o bloqueio pode causar uma crise humanitária severa, afetando os 2,3 milhões de habitantes de Gaza, que já vivem em condições precárias.
Trump fez suas novas ameaças após uma reunião na Casa Branca com um grupo de reféns que foram libertados na primeira fase do acordo. Ele reiterou seu apoio a Israel, afirmando que está enviando tudo o que o país precisa para “terminar o trabalho”, e que “nenhum membro do Hamas estará seguro se não fizerem o que eu digo”.
Além disso, Trump dirigiu-se ao povo de Gaza, afirmando: “Um belo futuro os aguarda, mas não se vocês mantiverem reféns. Se fizerem isso, vocês estarão mortos! Tomem uma decisão inteligente. Liberem os reféns agora, ou haverá um inferno para pagar mais tarde!”
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