Ministro Alexandre de Moraes critica CEO da Rumble por confundir liberdade de expressão com agressão
07 de Março de 2025 às 14h40

STF inicia julgamento sobre suspensão da plataforma Rumble no Brasil

Ministro Alexandre de Moraes critica CEO da Rumble por confundir liberdade de expressão com agressão

O Supremo Tribunal Federal (STF) deu início, nesta sexta-feira (7), ao julgamento que decidirá se ratifica a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que suspendeu a operação da plataforma Rumble no Brasil. O julgamento ocorre no plenário virtual da Corte e se estenderá até o dia 14 de março.

Na sua análise, Moraes destacou que o CEO da Rumble, Chris Pavlovski, “confunde liberdade de expressão com uma inexistente liberdade de agressão”. O ministro também afirmou que Pavlovski “confunde deliberadamente censura com proibição constitucional ao discurso de ódio e à incitação a atos antidemocráticos”, ignorando os ensinamentos do filósofo britânico John Stuart Mill sobre a liberdade de expressão.

A suspensão da Rumble foi determinada em 21 de fevereiro, após a plataforma desobedecer ordens judiciais e não indicar um representante legal no Brasil. Moraes enfatizou a necessidade de garantir que a plataforma cumpra as decisões judiciais, pague multas e apresente um representante legal no país.

O ministro também mencionou a preocupação com o uso da Rumble por grupos extremistas e milícias digitais, que estariam promovendo discursos de ódio e incitação à violência nas redes sociais. Ele afirmou que a manutenção da plataforma poderia levar à “instrumentalização da Rumble” para a disseminação de ideologias extremistas.

Chris Pavlovski, fundador da Rumble, desafiou a decisão de Moraes, afirmando que a plataforma não cumprirá as ordens do ministro por considerá-las “ilegais”. Em uma postagem nas redes sociais, o CEO declarou: “Você não tem autoridade sobre a Rumble aqui nos EUA, a menos que passe pelo governo dos Estados Unidos”.

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O julgamento conta com a participação dos ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino, Luiz Fux e Cármen Lúcia. A expectativa é que a decisão de Moraes seja confirmada, mantendo a suspensão da plataforma.

Além disso, Moraes ressaltou que a Rumble não tem apresentado provas de regularidade em sua representação no Brasil e que a plataforma tem ignorado decisões judiciais, como a que determinou a remoção de perfis de usuários que disseminam desinformação e discursos de ódio.

O caso da Rumble é emblemático, pois envolve questões cruciais sobre liberdade de expressão e os limites do discurso nas redes sociais. A plataforma, que se tornou um reduto para grupos conservadores, foi fundada em 2013 e, desde então, tem enfrentado desafios legais em diversos países.

O imbróglio envolvendo a Rumble também atraiu a atenção internacional, especialmente após declarações de autoridades americanas sobre a incompatibilidade de multar empresas sediadas nos EUA por decisões de tribunais brasileiros. O Departamento de Estado dos EUA se manifestou sobre o respeito à soberania, afirmando que a imposição de multas poderia ser vista como uma violação dos valores democráticos.

O desfecho deste julgamento poderá ter implicações significativas para a operação de plataformas digitais no Brasil, além de influenciar o debate sobre a regulação do discurso nas redes sociais.

O STF, ao analisar a situação da Rumble, busca equilibrar a proteção da liberdade de expressão com a necessidade de coibir a disseminação de conteúdos que possam ameaçar a democracia e a ordem pública.

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