
Alckmin afirma que Brasil não representa problema para os Estados Unidos
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) ressaltou que o Brasil busca cooperação com os EUA em meio às tarifas comerciais.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), declarou nesta segunda-feira (10) que o Brasil “não é problema” para os Estados Unidos no contexto das tarifas comerciais impostas pela administração do presidente Donald Trump. Durante uma entrevista à rádio CBN, Alckmin enfatizou que o governo brasileiro está comprometido em aprofundar as negociações com os EUA para resolver a questão das tarifas sobre aço e alumínio.
“Nós abrimos uma negociação e tivemos uma conversa com o secretário de Comércio, Howard Lutnik, sugerindo a criação de um grupo de trabalho para buscarmos um entendimento”, afirmou Alckmin. Essa reunião, ocorrida na semana passada, marcou o primeiro contato significativo entre um alto representante do governo brasileiro e um membro da gestão Trump.
O vice-presidente destacou que, ao contrário do que ocorre com outros países, o Brasil apresenta um superávit comercial com os Estados Unidos. “Os Estados Unidos têm um grande déficit na balança comercial, mas esse não é o caso do Brasil. No nosso caso, os EUA têm superávit”, explicou Alckmin, referindo-se à relação comercial entre os dois países.
Alckmin também ressaltou que cerca de 70% das exportações americanas para o Brasil são isentas de tarifas. Ele frisou que as relações entre Brasil e Estados Unidos devem ser tratadas de maneira institucional, afirmando que “as relações devem ser de Estado. Os governos passam. Neste ano, o Brasil comemora 200 anos de relações diplomáticas com os Estados Unidos”.


Enquanto Alckmin adota uma postura cautelosa em relação ao governo americano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito declarações mais contundentes, criticando diretamente a administração republicana. Essa diferença de abordagem reflete a complexidade das relações bilaterais em um momento de crescente tensão comercial.
Na última semana, Trump anunciou a aplicação de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio de diversos países, incluindo o Brasil. Essa medida visa equilibrar as parcerias comerciais, mas também gera preocupações sobre o impacto econômico nas indústrias locais. O professor de relações internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF), Viterio Brustolin, comentou que a situação reforça a necessidade de negociações para minimizar os efeitos adversos das tarifas.
Brustolin alertou que a imposição das tarifas pode trazer dificuldades para o setor siderúrgico brasileiro, uma vez que o Brasil possui poucos mercados alternativos para exportar esses metais. “Países da Europa enfrentam recessão, e a China, que tem uma grande produção de aço, importa apenas minério de ferro do Brasil”, explicou o professor.
Em 2023, o Brasil exportou para os Estados Unidos aproximadamente US$ 2,8 bilhões em aço e US$ 900 milhões em alumínio. A expectativa é que os EUA continuem a precisar importar esses produtos do Brasil, considerando que a indústria siderúrgica americana não consegue suprir toda a demanda interna sem a colaboração brasileira.
O governo brasileiro já iniciou esforços para tentar minimizar os impactos das novas tarifas e busca alternativas para fortalecer a relação comercial com os Estados Unidos, que se mostra vital para a economia nacional.
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