
Dólar encerra dia a R$ 5,85 com temores de recessão nos EUA e instabilidade global
Após uma manhã de oscilações, a moeda americana fechou em alta de 1,07%; mercado aguarda dados sobre inflação nos EUA.
O dólar comercial encerrou a sessão desta segunda-feira, 10, cotado a R$ 5,8521, marcando uma alta de 1,07%. O dia foi caracterizado por instabilidade, com a moeda americana apresentando oscilações significativas ao longo do pregão, em sintonia com os movimentos do mercado externo.
Os temores de uma possível recessão nos Estados Unidos, impulsionados pela política econômica do presidente Donald Trump, especialmente em relação às tarifas de importação, geraram uma onda de aversão ao risco que afetou divisas emergentes. Durante uma coletiva, Trump afirmou que a economia americana passará por um “período de transição” devido às medidas que estão sendo implementadas.
A economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, comentou sobre a volatilidade do dólar, afirmando: “O dólar até chegou a cair um pouco pela manhã, mas o movimento se inverteu à tarde, com a piora das moedas emergentes. Há um sentimento de insegurança com as próximas iniciativas de Trump em relação às tarifas e seu impacto na economia”.
O dólar atingiu uma mínima de R$ 5,7732 pela manhã e uma máxima de R$ 5,8716 à tarde, encerrando o dia com o maior valor de fechamento em março. Apesar do aumento, a moeda ainda apresenta uma queda de 1,09% nos primeiros pregões do mês.
Luciano Costa, economista-chefe da corretora Monte Bravo, observou uma mudança na percepção dos investidores sobre o impacto das políticas tarifárias de Trump, que agora parecem mais preocupados com a possibilidade de uma desaceleração aguda da atividade econômica. “Embora a economia americana ainda se mostre sólida, houve sinais de desaceleração ao longo da semana passada, com dados mais fracos de consumo das famílias e um aumento do déficit comercial”, destacou.


Além disso, indicadores do Federal Reserve de Atlanta sugerem uma contração significativa da atividade no primeiro trimestre. “O que estamos vendo hoje é um 'risk off' global que acabou afetando as moedas emergentes. As bolsas em Nova York abriram em queda, e o Nasdaq chegou a cair mais de 4% ao longo da tarde”, acrescentou Costa.
Com a expectativa de desaceleração da economia americana, os preços das commodities também estão em queda, o que impacta negativamente o real e outras moedas emergentes. Os preços do petróleo, por exemplo, recuaram mais de 1,5% hoje, acumulando uma desvalorização superior a 5% em março.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes, já recuou mais de 3% em março, mas hoje apresentou uma leve alta, superando a linha dos 104,000 pontos em seu pico diário.
Os investidores estão atentos à divulgação, na quarta-feira, 12, do índice de preços ao consumidor (CPI) de fevereiro, que poderá influenciar as expectativas sobre a política monetária americana. As previsões atuais apontam para um corte acumulado de 75 pontos-base a partir de maio ou junho.
O diretor de Pesquisa Econômica do Banco Pine, Cristiano Oliveira, destacou que a crescente incerteza global está moldando o comportamento dos ativos de risco. Ele classificou as medidas anunciadas por Trump nos âmbitos comercial, fiscal e político como “bastante inconsistentes”.
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