Manifestações em Buenos Aires, apoiadas por torcedores de futebol, exigem melhores condições de aposentadorias e geram tumulto.
13 de Março de 2025 às 10h31

Protesto de aposentados e torcedores na Argentina termina em confrontos com a polícia

Manifestações em Buenos Aires, apoiadas por torcedores de futebol, exigem melhores condições de aposentadorias e geram tumulto.

Nesta quarta-feira (12), a capital argentina, Buenos Aires, foi palco de um protesto massivo que uniu aposentados e torcedores de futebol em uma manifestação contra a repressão policial e as políticas do governo do presidente Javier Milei. Os manifestantes exigem melhorias nas condições de aposentadorias, que atualmente são consideradas insuficientes para cobrir as necessidades básicas.

O ato, que se intensificou ao longo do dia, resultou em confrontos entre os manifestantes e as forças de segurança, com relatos de uso de pedras, spray de pimenta e balas de borracha. Pelo menos 14 pessoas foram detidas e outras seis ficaram feridas, incluindo três agentes da Polícia Federal e três da Prefeitura de Buenos Aires.

Os protestos começaram na Avenida 9 de Julho, onde centenas de pessoas marcharam, muitas vestindo camisetas e carregando bandeiras de clubes de futebol como Boca Juniors, River Plate e Independiente. Os manifestantes se dirigiram ao Congresso, onde as tensões aumentaram quando tentaram desafiar os cordões policiais que buscavam liberar as vias.

Em um momento de grande tensão, um veículo da polícia foi incendiado e os manifestantes lançaram fogos de artifício e bombas de efeito moral. A polícia, por sua vez, respondeu com um caminhão de água e gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.

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As manifestações de aposentados ocorrem semanalmente, mas a adesão de torcedores de futebol nesta quarta-feira trouxe um novo vigor ao movimento. Frases como “Milei, lixo, você é a ditadura!” ecoaram entre os manifestantes, que também entoaram gritos de apoio a Diego Maradona, com um vídeo do ícone do futebol argentino se tornando um símbolo da luta pelos direitos dos aposentados.

Um dos momentos mais impactantes do protesto foi a agressão a uma idosa, que foi empurrada e atingida por um policial, caindo desacordada no chão. O vídeo do incidente viralizou rapidamente nas redes sociais, gerando indignação e aumentando a participação de torcedores nas manifestações subsequentes.

A situação dos aposentados na Argentina é crítica, com muitos recebendo a aposentadoria mínima de 279 mil pesos, cerca de R$ 1.300, que é insuficiente para viver dignamente. Para não estar abaixo da linha da pobreza, um adulto precisa de pelo menos 334 mil pesos, conforme dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos da Argentina (Indec).

O governo de Javier Milei tem enfrentado crescente oposição devido a suas políticas de austeridade, que incluem cortes nos benefícios sociais e aumento dos preços de serviços essenciais. A pressão popular tem se intensificado, com os aposentados se unindo a torcedores de futebol e organizações sociais para exigir mudanças.

As manifestações desta quarta-feira foram um dos protestos mais violentos até agora, refletindo a frustração crescente da população em relação à situação econômica e social do país. A união entre aposentados e torcedores de futebol pode sinalizar um novo capítulo na luta por direitos sociais na Argentina.

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