Protestos de aposentados na Argentina terminam em confrontos com a polícia
Aposentados se manifestam em Buenos Aires contra a desvalorização das aposentadorias e a alta dos preços, resultando em violência.
A quarta-feira (12) foi marcada por intensos protestos de aposentados em Buenos Aires, Argentina, que se mobilizaram contra a queda do valor das aposentadorias e o aumento significativo do custo de vida. O ato, que contou com o apoio de torcidas organizadas e diversas organizações sociais, culminou em violentos confrontos com a polícia, resultando na prisão de pelo menos 103 pessoas e deixando 20 feridos, incluindo um homem em estado grave.
Os manifestantes, que se reuniram em frente ao Congresso Nacional e à Praça de Maio, reivindicaram uma atualização nas pensões, a restauração da cobertura dos custos com medicamentos e a extensão da moratória previdenciária, que permite a aposentadoria de quem não completou os 30 anos de contribuição. De acordo com dados recentes, quase 60% dos aposentados recebem a pensão mínima, equivalente a cerca de R$ 1.970.
Esses protestos são parte de uma série de mobilizações que ocorrem semanalmente há anos, mas ganharam nova força desde a ascensão do governo ultraliberal de Javier Milei, que assumiu a presidência em dezembro de 2023. Desde então, as políticas econômicas implementadas resultaram em um aumento acentuado nos preços de medicamentos e serviços essenciais, que dobraram em um ano.
Os confrontos começaram no início da tarde, quando os manifestantes, convocados por sindicatos e movimentos sociais, desafiaram as barreiras policiais que tentavam controlar o fluxo de pessoas. A polícia respondeu com balas de borracha, gás lacrimogêneo e canhões de água. A situação se intensificou, com alguns manifestantes lançando pedras e fogos de artifício em direção às forças de segurança.
Durante os tumultos, uma viatura policial e uma motocicleta foram incendiadas, e outros veículos da Secretaria de Segurança de Buenos Aires foram vandalizados. Um fotojornalista foi ferido por um projétil enquanto registrava os eventos. A polícia local informou que 89 pessoas foram detidas, enquanto outras 14 foram presas por forças federais.
Entre os feridos, pelo menos 10 eram policiais com lesões leves. No entanto, os civis também sofreram, com um homem hospitalizado em estado grave devido a uma fratura craniana causada por uma cápsula de gás lacrimogêneo.
Após o fim dos confrontos, panelaços foram ouvidos em várias partes da cidade, e novos grupos de manifestantes marcharam em direção à sede do governo, expressando sua insatisfação com as condições atuais.
Embora o governo de Milei tenha conseguido reduzir a inflação de 211,4% em 2023 para 117,8% em 2024 e alcançado um superávit fiscal, essas medidas de austeridade resultaram na perda de 200 mil empregos e no aumento das taxas de pobreza e pobreza extrema no país. A situação econômica, combinada com a desvalorização das aposentadorias, tem gerado um clima de revolta entre os cidadãos.
Os aposentados, que já enfrentam dificuldades financeiras, sentem o impacto direto das políticas implementadas, que congelaram um bônus de aproximadamente R$ 406, destinado a complementar a renda dos aposentados. A pressão social por mudanças nas políticas de assistência e proteção aos idosos continua a crescer.
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