Governo do Peru decreta estado de emergência em Lima para combater crime organizado
Medida foi anunciada após aumento alarmante de homicídios e assassinato de cantor; Forças Armadas atuarão junto à polícia.
Na noite de domingo (17), o governo do Peru anunciou a decretação de estado de emergência em Lima, visando combater o crime organizado. A medida permitirá a intervenção das Forças Armadas em apoio à Polícia Nacional, em resposta ao crescente número de assassinatos relacionados à extorsão na capital peruana.
O chefe do gabinete ministerial, Gustavo Adrianzén, declarou na rede social X que “foi decidido que nas próximas horas será decretado estado de emergência em toda a província de Lima e na província Constitucional de Callao, com a mobilização de tropas de nossas Forças Armadas”. A decisão foi tomada após uma reunião entre a presidente Dina Boluarte e seus ministros, em um dia marcado pelo assassinato do cantor Paul Flores, vocalista da orquestra de cumbia ‘Armonía 10’.
Flores foi morto na madrugada de domingo quando criminosos em motocicletas abriram fogo contra o ônibus da orquestra, que deixava um local de apresentação no distrito de San Juan de Lurigancho, ao leste de Lima. O motorista do veículo relatou que dois tiros atingiram o cantor, que não sobreviveu ao ataque.
A banda ‘Armonía 10’ e outros grupos musicais na região têm enfrentado ameaças de gangues que exigem o pagamento de subornos, que podem chegar a 20 mil soles (aproximadamente 5 mil dólares ou 28 mil reais), para que possam continuar realizando suas apresentações. Essa situação evidencia a crescente pressão do crime organizado sobre artistas e profissionais da música na capital.
Os índices de violência urbana em Lima têm apresentado números alarmantes, com mais de 400 homicídios registrados nos primeiros meses deste ano, segundo informações da imprensa local. Esta não é a primeira vez que o governo peruano recorre ao uso das Forças Armadas para reforçar a segurança na capital; em 2022, medidas semelhantes foram implementadas até dezembro.
As autoridades afirmam que o crime organizado no Peru passou por mudanças significativas nos últimos anos, especialmente após a crise migratória na Venezuela, que trouxe um aumento no tráfico de armas e a presença de gangues como o “Tren de Aragua”, originária do país vizinho.
Além do estado de emergência, o governo também pretende antecipar a reunião do Conselho Nacional de Segurança Ciudadana para esta terça-feira e implementar uma reforma do sistema penitenciário, como parte de uma estratégia mais ampla para enfrentar a crise de segurança no país.
Com a morte de Paul Flores, o total de mortes violentas no Peru em 2023 já ultrapassa 1.880, com 444 homicídios confirmados até o momento. A situação tem gerado críticas à gestão do ministro do Interior, Juan José Santiváñez, com pedidos de renúncia por parte de partidos da oposição, que o acusam de não conseguir conter o aumento da criminalidade.
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