
CPI das Apostas Esportivas recomenda indiciamento de tio de Lucas Paquetá e dois empresários
Relatório final da CPI propõe mudanças na legislação e investigações sobre manipulação de resultados no futebol.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas aprovou nesta quarta-feira (19) um relatório final que pede o indiciamento de três pessoas, incluindo Bruno Tolentino, tio do jogador Lucas Paquetá, por suposto envolvimento em um esquema de manipulação de resultados no futebol.
A investigação da CPI revelou que Tolentino teria transferido quantias significativas de dinheiro a jogadores, como Luiz Henrique, atualmente no Botafogo, em um contexto que levanta suspeitas sobre a integridade dos jogos. O relatório destaca uma transação de R$ 30 mil realizada em 6 de fevereiro de 2023, dias após Luiz Henrique receber um cartão amarelo em uma partida do Campeonato Espanhol, quando jogava pelo Real Betis.
Além de Tolentino, o relatório solicita o indiciamento de William Pereira Rogatto, conhecido como “Rei do Rebaixamento”, que foi preso pela Interpol em Dubai, e Thiago Chambó Andrade, empresário investigado na Operação Penalidade Máxima, sob acusação de aliciar jogadores para manipular resultados.
Os dados financeiros analisados pela CPI indicam que Tolentino movimentou valores incompatíveis com seu patrimônio declarado, com um total de R$ 839.696,44 em 258 transações bancárias. O relatório também menciona que o esquema envolvia outros familiares de Paquetá, incluindo seu irmão Matheus Tolentino Coelho de Lima, que recebeu R$ 65 mil em transações suspeitas.


O relatório da CPI não apenas pede indiciamentos, mas também sugere uma série de alterações na legislação atual para fortalecer o combate à manipulação esportiva. Entre as propostas estão o aumento das penas para fraudes em resultados de eventos esportivos e a tipificação de crimes relacionados à manipulação de apostas.
As recomendações incluem a criação de mecanismos de fiscalização mais rigorosos e a obrigação de que casas de apostas informem os usuários sobre os riscos associados ao jogo. A CPI também solicita que o Ministério da Fazenda atue como agente fiscalizador efetivo e que sejam criadas campanhas de conscientização sobre os perigos da ludopatia.
O relatório será enviado ao Ministério Público, que poderá decidir se dará prosseguimento às investigações e possíveis denúncias contra os indiciados. A CPI enfatiza a necessidade de um sistema unificado de autoexclusão para apostadores e a adesão do Brasil à Convenção Internacional de Macolin, que visa combater a manipulação de resultados esportivos.
As ações propostas pela CPI visam não apenas responsabilizar os envolvidos, mas também prevenir futuros casos de manipulação no futebol, garantindo maior integridade nas competições esportivas e proteção aos apostadores.
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