
Unicef alerta que 2,8 milhões de crianças no Brasil não têm acesso à água adequada
No Dia Mundial da Água, estudo revela que Acre é o estado mais afetado pela falta de água potável
No Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgou um estudo alarmante que revela que 2,8 milhões de crianças e adolescentes no Brasil não têm acesso adequado à água. O relatório, intitulado “Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil”, analisa dados de 2019 a 2023 e destaca a gravidade da situação, especialmente nas áreas rurais.
Segundo o levantamento, realizado com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), embora o número de crianças sem acesso à água tenha diminuído em 31,5% no período, cerca de 1,5 milhão ainda vive em lares sem água encanada. Além disso, aproximadamente 1,2 milhão de crianças têm acesso à água apenas na área externa de suas residências.
O estudo aponta que, nas áreas urbanas, cerca de 2,4% das crianças e adolescentes enfrentam a falta de água, enquanto nas áreas rurais esse percentual sobe para alarmantes 21,2%. O estado do Acre destaca-se como o mais afetado, com 12,7% das crianças vivendo em locais sem acesso à água canalizada.
Outros estados que enfrentam situações críticas incluem Paraíba, com 12,2%, e Amazonas, com 11,3%. O relatório também revela que 19,6 milhões de crianças e adolescentes, o que corresponde a 38% desse grupo no Brasil, vivem sem acesso adequado ao saneamento básico. Nas áreas urbanas, 28% não têm acesso a esse serviço, enquanto nas zonas rurais, o número chega a 92%.


O Acre novamente aparece como o estado com a situação mais preocupante, onde 31,5% das crianças vivem em residências sem saneamento básico. Amazonas, com 23,5%, e Maranhão, com 19,8%, também estão entre os estados mais afetados.
O estudo do Unicef ressalta que as desigualdades regionais são persistentes, com as maiores taxas de privação concentradas nas regiões Norte e Nordeste do país. Em alguns estados dessas regiões, mais de 80% das crianças ainda vivem em condições de privação de direitos básicos, o que evidencia a necessidade de políticas públicas específicas que abordem as particularidades e desafios dessas áreas.
Rodrigo Resende, oficial de Água, Saneamento e Higiene do Unicef no Brasil, enfatiza que a falta de água potável e saneamento compromete a saúde, a alimentação, a educação e outros direitos das crianças. “Nosso trabalho é voltado para fortalecer as políticas públicas de acesso à água e ao saneamento, garantindo que cada criança e adolescente no Brasil tenha esse direito assegurado”, afirmou à Agência Brasil.
O relatório também destaca que, em 2024, a organização conseguiu beneficiar mais de 250 mil pessoas em oito estados, incluindo 75 mil crianças e adolescentes, por meio de iniciativas voltadas para escolas e comunidades em situação de vulnerabilidade.
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