
Jornalista é adicionado por engano em grupo de Trump e recebe planos militares
Jeffrey Goldberg, editor da revista The Atlantic, teve acesso a discussões sobre ataques aos Houthis no Iémen
O jornalista Jeffrey Goldberg, editor-chefe da revista The Atlantic, foi incluído acidentalmente em um grupo do aplicativo de mensagens Signal, onde autoridades do alto escalão do governo Donald Trump discutiam planos de ataque contra os rebeldes Houthis, no Iémen. Entre os participantes do grupo estavam o vice-presidente J.D. Vance, o secretário de Estado Marco Rubio e o secretário de Defesa Pete Hegseth.
Em resposta a questionamentos, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Brian Hughes, confirmou a autenticidade do grupo. “Essa parece ser uma rede de mensagens autêntica, e estamos analisando como um número inadvertido foi adicionado”, declarou à The Atlantic. Hughes ressaltou que “o sucesso contínuo da operação Houthi demonstra que não houve ameaças às tropas ou à segurança nacional”.
De acordo com a reportagem, Jeffrey Goldberg recebeu um pedido de conexão de um usuário identificado como Michael Waltz, que é o Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos. Após aceitar a solicitação, Goldberg foi adicionado ao grupo que coordenava a ofensiva contra os Houthis, que integram o chamado “Eixo da Resistência” do Irã e têm causado perturbações no comércio global com ataques no Mar Vermelho.
Os membros do grupo eram identificados por nomes de autoridades do governo Trump, incluindo J.D. Vance, Marco Rubio, Pete Hegseth, a diretora da Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, e o diretor da CIA, John Ratcliffe, entre outros.


Nos dias que antecederam os ataques no Iémen, Vance expressou hesitação em relação à operação, argumentando que a área alvo dos rebeldes era mais relevante para a Europa do que para os Estados Unidos. Ele considerou a operação “inconsistente” com a mensagem que Trump desejava passar aos europeus.
Pete Hegseth, por sua vez, concordou com a análise de Vance, mas defendeu a necessidade da ofensiva. “Há dois riscos imediatos na espera: 1) isso vaza e parecemos indecisos; 2) Israel toma uma atitude primeiro - ou o cessar-fogo em Gaza fracassa - e não conseguimos iniciar o processo em nossos próprios termos. Podemos administrar ambos. Estamos preparados para executar e, se eu tivesse um voto final de ‘ir’ ou ‘não ir’, acredito que deveríamos fazê-lo”, afirmou Hegseth.
A discussão foi encerrada após a intervenção de “SM”, que se presume ser o assessor Stephen Miller. “Pelo que ouvi, o presidente foi claro: sinal verde, mas logo deixaremos claro para o Egito e a Europa o que esperamos em troca”, escreveu. Ele também mencionou a necessidade de obter ganhos econômicos adicionais em troca da restauração da liberdade de navegação.
Além das discussões sobre a ofensiva, Goldberg teve acesso a informações sensíveis sobre os planos militares dos Estados Unidos. Duas horas antes dos bombardeios, Hegseth compartilhou detalhes da operação no grupo, incluindo alvos, armas utilizadas e a sequência dos ataques.
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