
STF retoma julgamento da ADPF das Favelas e discute operações policiais no Rio
O Supremo Tribunal Federal analisa medidas para reduzir mortes em operações policiais nas comunidades cariocas.
O Supremo Tribunal Federal (STF) dá continuidade nesta quarta-feira (26) ao julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) das Favelas, uma ação que visa a diminuição do número de mortes durante operações policiais no Rio de Janeiro. A discussão, que teve início em 2019 com a ação proposta pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), já resultou em importantes restrições, incluindo a regulamentação do uso de helicópteros, a obrigatoriedade de câmeras nas fardas e viaturas policiais, e a comunicação prévia das operações ao Ministério Público e outras autoridades competentes.
No mês passado, o julgamento foi interrompido após o voto do relator, ministro Edson Fachin, que propôs a manutenção das restrições já existentes e a implementação de novas medidas, como a exigência de relatórios detalhados ao Ministério Público após cada operação. A retomada do debate contará agora com o voto do ministro Flávio Dino, seguido pelos demais membros da Corte.
A ADPF enfrenta resistência de setores da segurança pública, que argumentam que a verdadeira origem da violência no Rio de Janeiro reside nas organizações criminosas, como o tráfico de drogas, as milícias e o jogo do bicho. O secretário de Segurança Pública do Rio, Victor César Carvalho dos Santos, defendeu a derrubada da ação, ressaltando que o foco deve ser a luta contra o crime organizado, e não as operações policiais em si.
Por outro lado, representantes da Polícia Civil e da Polícia Militar enfatizam a crescente expansão das facções criminosas e a necessidade de uma estratégia nacional para enfrentar o crime organizado. O coronel Marcelo de Menezes Nogueira, secretário da Polícia Militar, destacou a perda da capacidade de garantir segurança de forma regular à população em algumas áreas da cidade.


Na véspera do julgamento, a Comissão de Segurança Pública do Senado, presidida pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), promoveu uma audiência pública sobre a violência policial nas favelas do Rio. O senador defendeu a revisão da ADPF, considerando as graves consequências para a segurança pública, não apenas no Rio, mas também em outros estados do Brasil.
A expectativa é que o julgamento traga à tona debates cruciais sobre a segurança pública nas comunidades cariocas, onde a letalidade policial tem sido um tema recorrente e controverso. O STF, ao analisar a ADPF, busca encontrar um equilíbrio entre a proteção dos direitos humanos e a necessidade de garantir a segurança da população.
O ministro Edson Fachin, que já havia votado pela manutenção das restrições, ressaltou a importância de um consenso entre os magistrados para que a Corte possa apresentar uma posição clara e unificada sobre o assunto. A pressão por uma solução que aborde as preocupações de todas as partes envolvidas é intensa, dado o contexto delicado da segurança pública no Brasil.
O julgamento da ADPF das Favelas é um marco importante na discussão sobre as operações policiais no Brasil, e a decisão do STF poderá impactar diretamente a forma como a segurança pública é gerida nas comunidades cariocas. O resultado do julgamento pode definir novos parâmetros para a atuação das forças de segurança e, consequentemente, afetar a vida de milhares de cidadãos que vivem nas favelas do Rio de Janeiro.
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