Lula afirma que Deus deixou sertão sem água para que ele pudesse ser presidente

Na última quarta-feira, 28, durante uma cerimônia em Cachoeira dos Índios, na Paraíba, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma declaração polêmica ao afirmar que Deus deixou o sertão nordestino sem água porque sabia que ele se tornaria presidente e traria o abastecimento para a região. A fala ocorreu durante a entrega do primeiro trecho do Ramal do Apodi, parte do projeto de transposição do Rio São Francisco, que visa melhorar a infraestrutura hídrica do semiárido brasileiro.

“Deus deixou o sertão sem água porque ele sabia que eu ia ser presidente da República e que eu ia trazer água para cá”, declarou Lula, recebendo aplausos dos presentes no evento. O presidente ressaltou que a transposição do São Francisco é uma das obras mais significativas de sua trajetória política, representando o cumprimento de uma promessa que se arrastava há quase dois séculos.

“Era uma obra que muita gente não acreditava que a gente pudesse fazer, porque fazia 179 anos que se prometia água para essa região”, continuou o presidente, enfatizando sua conexão com a realidade da população nordestina. Lula, que passou por dificuldades na infância, relatou que apenas quem viveu a escassez de água pode entender a urgência de tal projeto.

Além da entrega do Ramal do Apodi, Lula também assinou uma ordem de serviço em Salgueiro, Pernambuco, para ampliar a capacidade de bombeamento de água no Eixo Norte da transposição. Durante essa cerimônia, o presidente adotou um tom crítico em relação aos governos anteriores, ressaltando a importância do compromisso com a população nordestina.

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“O compromisso que vocês têm que ter não é comigo, é com os filhos de vocês, é com os netos de vocês, é com os pais de vocês”, afirmou Lula, alertando sobre os riscos de votar em candidatos que não têm compromisso com o país. Ele destacou a necessidade de um governo que atenda às demandas da população e que não se limite a promessas vazias.

A transposição do Rio São Francisco é um projeto que visa levar água para mais de 12 milhões de pessoas no Nordeste, mas sua implementação depende também da colaboração de estados e municípios. Lula destacou a importância dessa obra para o desenvolvimento da região e a melhoria da qualidade de vida da população.

As declarações de Lula geraram reações diversas, especialmente entre opositores. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o ex-deputado Deltan Dallagnol criticaram a fala do presidente, alegando que ele invoca o nome de Deus em vão e que suas declarações são uma forma de manipulação. O senador Sergio Moro (União-PR) também se manifestou, afirmando que Lula apresenta uma “mania de grandeza” ao sugerir que a seca foi parte de um plano divino.

O governo federal continua a trabalhar na implementação de políticas públicas que visam mitigar os efeitos da seca no Nordeste, com iniciativas que buscam garantir o acesso à água e melhorar a infraestrutura da região. A transposição do São Francisco é uma peça central nesse esforço, e Lula se comprometeu a seguir em frente com o projeto, apesar das críticas.

Com a entrega do Ramal do Apodi, o presidente Lula reafirma seu compromisso com a população nordestina e a importância de ações concretas para enfrentar os desafios hídricos da região, buscando garantir um futuro melhor para os que vivem no sertão.