
Trump é mencionado em documentos de Epstein; Casa Branca nega irregularidades
O presidente dos EUA foi informado sobre sua inclusão em arquivos relacionados ao caso Epstein, mas a Casa Branca classifica a notícia como falsa.
A Casa Branca se manifestou em relação à informação de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teria sido alertado sobre sua inclusão em documentos do Departamento de Justiça ligados ao caso de Jeffrey Epstein, o financista acusado de liderar uma rede de tráfico sexual de menores e que foi encontrado morto em uma cela em 2019.
Segundo reportagem do Wall Street Journal, Trump foi informado em maio pela procuradora-geral Pam Bondi durante uma reunião de rotina. A publicação ressalta que a menção do nome do presidente nos documentos não implica em qualquer irregularidade.
Um porta-voz da Casa Branca descreveu a reportagem como “notícia falsa”.
O governo Trump enfrenta crescente pressão para divulgar mais informações sobre o caso Epstein, com o qual o presidente tinha uma amizade até 2004, quando, segundo ele, houve um desentendimento entre os dois.
Durante sua campanha presidencial, Trump havia prometido tornar públicos os arquivos relacionados ao caso, mas até o momento seus apoiadores expressam frustração com a falta de informações, especialmente em relação a uma suposta “lista de clientes” de Epstein, que, segundo o Departamento de Justiça e o FBI, não existe.
Epstein, que já havia sido condenado por aliciamento de menores, morreu em uma prisão de Nova York enquanto aguardava julgamento por novas acusações de tráfico sexual. Sua morte foi considerada um suicídio, embora tenha gerado diversas teorias da conspiração.
Na quarta-feira (24), uma juíza na Flórida negou um pedido do Departamento de Justiça para tornar públicos os arquivos do tribunal relacionados ao processo contra Epstein. No mesmo dia, uma subcomissão da Câmara dos Representantes votou favoravelmente a intimar o Departamento de Justiça para obter esses arquivos, com a ordem legal aguardando a assinatura do presidente da comissão.
Durante a reunião em que Trump foi informado, Bondi mencionou que os arquivos continham rumores sobre várias pessoas, incluindo o próprio presidente. Essa declaração contrasta com a resposta anterior de Trump, que negou ter sido informado sobre sua presença nos documentos.
Bondi também teria alertado que os registros de Epstein incluíam conteúdo sensível, como pornografia infantil e informações sobre vítimas que não deveriam ser divulgadas.
Embora ser mencionado nos documentos não constitua evidência de atividade criminosa, Trump nunca foi acusado de irregularidades em conexão com o caso Epstein. A reportagem foi confirmada por outros meios de comunicação dos EUA, mas não foi verificada de forma independente.
Steven Cheung, porta-voz de Trump, caracterizou a reportagem como uma continuação das “notícias falsas” veiculadas por democratas e pela imprensa, comparando-a ao escândalo Russiagate.
Um funcionário não identificado da Casa Branca, em conversa com a Reuters, afirmou que não estavam negando a presença do nome de Trump nos documentos, destacando arquivos divulgados anteriormente que também mencionavam o presidente.


Esses arquivos, que foram compartilhados com influenciadores conservadores, incluíam números de telefone de membros da família de Trump, incluindo sua filha. Trump havia instruído Bondi a buscar a liberação de todos os documentos do grande júri, levando o Departamento de Justiça a solicitar a liberação dos arquivos em tribunais da Flórida e Nova York.
No entanto, a juíza Robin Rosenberg decidiu que a liberação dos documentos violaria diretrizes estaduais sobre o sigilo do grande júri, afirmando que “as mãos do tribunal estão atadas”.
Os últimos desdobramentos ocorrem em meio a um renovado foco na figura de Ghislaine Maxwell, condenada por tráfico sexual e atualmente cumprindo uma pena de 20 anos de prisão por seu papel nos crimes de Epstein. Um alto funcionário do Departamento de Justiça planeja se encontrar com Maxwell para discutir seu conhecimento sobre o caso.
Além da intimação para obter os arquivos do Departamento de Justiça, os republicanos da Comissão de Supervisão da Câmara já haviam enviado uma intimação legal para que Maxwell compareça perante o órgão remotamente a partir da prisão em 11 de agosto.
O advogado de Maxwell afirmou que, caso ela decida testemunhar, fará isso com sinceridade, mas ressaltou que a ex-socialite está avaliando suas opções.
O presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, expressou desconfiança em relação à precisão do depoimento de Maxwell, enfatizando seu histórico criminal.
Bondi, por sua vez, reiterou que o Departamento de Justiça não encontrou nenhuma “lista incriminadora de clientes” de Epstein e reafirmou que a morte do financista foi um suicídio, apesar das teorias da conspiração que cercam o caso.
A mudança de postura da procuradora-geral gerou descontentamento entre alguns dos apoiadores mais fervorosos de Trump, que exigiram sua renúncia, enquanto os democratas aproveitaram a situação para acusar o governo de encobrimento.
Na terça-feira, o presidente da Câmara decidiu antecipar o recesso parlamentar em um dia, buscando adiar esforços legislativos para forçar a divulgação de documentos relacionados ao caso Epstein. Entretanto, rebeldes republicanos na Comissão de Supervisão votaram para pressionar o Departamento de Justiça a liberar os arquivos.
Três republicanos se uniram a cinco democratas para votar a favor da intimação, mas a continuidade do processo depende da assinatura do presidente da comissão.
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