
EUA e Israel se retiram de negociações de cessar-fogo em Gaza após resposta do Hamas
Após o Hamas rejeitar proposta de trégua, EUA e Israel suspendem diálogos e criticam postura do grupo palestino.
As negociações para um cessar-fogo entre Israel e Hamas enfrentaram um novo impasse nesta quinta-feira, 24 de julho, após a retirada dos negociadores dos Estados Unidos e de Israel, que alegaram falta de boa-fé por parte do grupo palestino. A decisão foi anunciada logo após o Hamas apresentar uma resposta considerada inaceitável pelas partes envolvidas.
Desde o início das conversas, mediadores do Catar, Egito e EUA tentam estabelecer um acordo que possibilite a troca de reféns e a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, que enfrenta uma grave crise alimentar. O enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, expressou sua frustração ao afirmar que a resposta do Hamas “demonstrou claramente a falta de desejo de alcançar um cessar-fogo”.
“Decidimos trazer nossa equipe de Doha para consultas após a última resposta do Hamas, que mostra a falta de vontade em alcançar um cessar-fogo em Gaza”, declarou Witkoff em comunicado.
A proposta em discussão previa um cessar-fogo de 60 dias, no qual o Hamas se comprometeria a liberar reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos. Contudo, a insistência do Hamas em condições adicionais, como garantias de que não seria atacado após o término da trégua, complicou ainda mais as negociações.
O governo israelense, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, também convocou seus negociadores para consultas, sem, no entanto, declarar oficialmente o colapso das negociações. Netanyahu afirmou que continua a trabalhar para alcançar um acordo que permita a libertação dos reféns, mas enfatizou que não aceitará condições que coloquem a segurança de Israel em risco.
Enquanto isso, a situação humanitária em Gaza se agrava. Organizações internacionais alertam para uma crise de fome crescente na região, com relatos de mortes por desnutrição. Desde o início do conflito em outubro de 2023, mais de 115 palestinos teriam morrido devido à falta de alimentos, segundo dados do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza.


As tensões aumentaram ainda mais após a recusa do Hamas em aceitar as condições propostas por Israel, que incluem a retirada de tropas israelenses da região e a facilitação da entrada de ajuda humanitária. A resposta do Hamas foi considerada egoísta e sem comprometimento, segundo os mediadores.
O enviado americano Witkoff mencionou que, diante da situação atual, os EUA estão considerando “opções alternativas” para resolver a crise e garantir a segurança na região, mas não detalhou quais seriam essas opções.
As dificuldades enfrentadas pela população de Gaza são alarmantes, com relatos de que muitos habitantes estão lutando para encontrar comida e medicamentos. O cerco imposto por Israel desde o início do conflito tem sido amplamente criticado por organizações humanitárias, que denunciam a situação como uma violação dos direitos humanos.
As negociações, que começaram há mais de duas semanas, visam estabelecer um acordo que não apenas permita a troca de reféns, mas também promova um cessar-fogo duradouro. Contudo, as divergências entre as partes continuam a ser um obstáculo significativo para a paz na região.
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