Em depoimento ao STF, Mário Fernandes reconheceu ter elaborado o 'Plano Punhal Verde e Amarelo'
25 de Julho de 2025 às 10h16

General admite autoria de plano para assassinar Lula e Moraes, mas classifica como 'pensamento digitalizado'

Em depoimento ao STF, Mário Fernandes reconheceu ter elaborado o 'Plano Punhal Verde e Amarelo'

O general da reserva Mário Fernandes, ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência, admitiu ser o autor do chamado “Plano Punhal Verde e Amarelo”, que previa o sequestro e assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A revelação ocorreu durante um interrogatório na Primeira Turma do STF, que investiga um suposto núcleo golpista que buscava manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após sua derrota nas eleições de 2022.

Durante seu depoimento, Fernandes alegou que o plano não passava de um “pensamento digitalizado”, que foi elaborado como uma análise de riscos pessoais. Ele afirmou que o documento, que foi digitalizado, não foi compartilhado com ninguém e se tratava apenas de anotações pessoais. “Esse arquivo digital retrata um pensamento meu que foi digitalizado. Uma análise de riscos que fiz e, por costume próprio, resolvi digitalizar. Esse pensamento digitalizado não foi compartilhado com ninguém”, disse o general.

Em um depoimento que buscou minimizar a gravidade do conteúdo, Fernandes afirmou que o material não tinha a intenção de ser um plano de ação, mas sim um compilado de dados. “Hoje, me arrependo de ter digitalizado isso”, acrescentou, enfatizando que o documento não foi apresentado a terceiros.

Além de Fernandes, o coronel da reserva Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, também prestou depoimento e admitiu que monitorava o itinerário de Moraes, mas alegou que a intenção era aproximar o ministro do STF do ex-presidente. Câmara é acusado de coordenar ações de monitoramento e neutralização de autoridades.

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Os réus do núcleo dois da investigação enfrentam acusações graves, incluindo organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e danos ao patrimônio público. Além de Mário Fernandes e Marcelo Câmara, o grupo é composto por outros ex-integrantes da administração Bolsonaro, como Filipe Martins, ex-assessor especial de Assuntos Internacionais, e Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de inteligência do Ministério da Justiça.

A investigação da Polícia Federal (PF) aponta que os membros do núcleo dois utilizaram a máquina pública para dificultar o acesso de eleitores aos locais de votação durante o segundo turno das eleições de 2022, especialmente em regiões onde Lula tinha forte apoio.

Fernandes, que está preso desde novembro de 2024, foi interrogado no âmbito da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado. O general destacou que o plano, que foi impresso antes de uma reunião no Palácio da Alvorada, foi rasgado logo após a leitura, reforçando sua alegação de que não tinha intenção de executá-lo.

O caso segue em investigação, com a expectativa de que novos detalhes sobre a suposta trama golpista sejam revelados nas próximas audiências. A situação é monitorada de perto pela sociedade, que aguarda desdobramentos sobre as implicações legais e políticas dos envolvidos.

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