O Fundo Monetário Internacional projeta crescimento de 3% em 2025 e 3,1% em 2026, impulsionado por compras nos EUA e acordos comerciais.
29 de Julho de 2025 às 14h54

FMI revisa para cima previsão de crescimento global para 2025, apesar das tarifas de Trump

O Fundo Monetário Internacional projeta crescimento de 3% em 2025 e 3,1% em 2026, impulsionado por compras nos EUA e acordos comerciais.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou uma revisão otimista em suas previsões para a economia global, elevando a expectativa de crescimento para 3% em 2025, um aumento de 0,2 ponto percentual em relação às estimativas anteriores. Para 2026, a projeção também foi ajustada para 3,1%, refletindo um cenário mais favorável apesar das tensões comerciais geradas pelas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A melhora nas previsões se deve a três fatores principais, segundo o relatório Perspectivas da Economia Mundial (WEO), divulgado nesta terça-feira. Primeiramente, houve uma antecipação significativa nas compras por parte das empresas americanas no início do ano, como estratégia para formar estoques antes da implementação das tarifas, o que teve um impacto positivo na atividade econômica.

Além disso, os acordos comerciais recentes negociados por Trump resultaram em alíquotas menores do que as inicialmente previstas. Desde o anúncio das chamadas “tarifas recíprocas”, o presidente dos EUA estabeleceu uma trégua tarifária com a China, que anteriormente enfrentava taxas de até 145%, e reduziu as alíquotas para parceiros comerciais como Japão e a União Europeia (UE), que agora estão fixadas em 15%.

O FMI também destacou que as condições financeiras globais estão mais favoráveis do que o esperado, impulsionadas pela desvalorização de cerca de 8% do dólar desde janeiro e pelo aumento dos gastos fiscais em economias chave, como a dos EUA e a da China, após a aprovação de uma nova legislação orçamentária.

Embora a economia global tenha mostrado resiliência frente aos efeitos da guerra tarifária, o cenário permanece repleto de incertezas. A trégua tarifária estabelecida por Trump expira em breve, e a maioria dos governos que ainda não firmaram acordos comerciais com os EUA enfrentará alíquotas que variam entre 15% e 20%, superando a alíquota universal de 10% que vigorava anteriormente.

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O economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, ressaltou que, apesar de uma expectativa de crescimento menos pessimista, as tarifas ainda são historicamente altas e a política comercial global continua incerta. Ele observou que, embora o crescimento global previsto de 3% seja uma boa notícia, ele ainda está abaixo da média pré-pandemia.

Graças ao aumento nas compras antecipadas, o FMI também revisou suas expectativas para o comércio global, que deve crescer 2,6% neste ano, um aumento de 0,9 ponto percentual em relação à estimativa anterior. Contudo, essa tendência deve se estabilizar ao longo do segundo semestre e em 2026, quando a projeção de crescimento foi reduzida para 1,9%.

A atualização do WEO revelou que a previsão de crescimento para a economia dos EUA foi elevada para 1,9% em 2025, um aumento de 0,1 ponto percentual em relação às previsões anteriores, impulsionada pelas tarifas mais baixas e condições financeiras mais favoráveis. O crescimento deve acelerar para 2% em 2026, em parte devido a incentivos fiscais para investimentos corporativos.

Em relação à China, a previsão de crescimento foi ajustada para 4,8% em 2025, um aumento de 0,8 ponto percentual, e para 4,2% em 2026, refletindo o impacto positivo das compras antecipadas para evitar tarifas. A zona do euro deve manter um crescimento mais modesto, com previsões de 1% em 2025 e 1,2% em 2026, impulsionadas principalmente pela economia da Irlanda.

Para as economias emergentes, o FMI projeta um crescimento de 4,1% em 2025, um aumento em relação aos 3,7% previstos anteriormente. No caso do Brasil, as projeções de crescimento permanecem inalteradas em 2,3% para 2025 e 2,1% para 2026, conforme divulgado em relatórios anteriores.

Apesar das tarifas, o FMI espera que a inflação global continue sua tendência de queda, prevendo uma média de 4,2% para este ano e 3,6% em 2026. Entretanto, o relatório ressalta que as variações entre os países podem ser significativas, com os EUA enfrentando pressões inflacionárias devido às tarifas, enquanto em outras regiões, as tarifas podem reduzir a demanda.

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