Mudanças na Constituição permitem que Nayib Bukele permaneça no poder por tempo indeterminado.
01 de Agosto de 2025 às 09h14

Congresso de El Salvador aprova reeleição indefinida para o presidente Bukele

Mudanças na Constituição permitem que Nayib Bukele permaneça no poder por tempo indeterminado.

O Congresso de El Salvador aprovou na quinta-feira (31) uma reforma constitucional que permite a reeleição indefinida do presidente Nayib Bukele, além de ampliar o mandato presidencial de cinco para seis anos. A votação ocorreu de forma rápida, com 57 deputados a favor e apenas 3 contra, todos da oposição.

Nayib Bukele, que assumiu a presidência em 2019 e foi reeleito em 2024 com 85% dos votos, agora tem a possibilidade de concorrer a novos mandatos sem restrições. A proposta foi apresentada pela deputada Ana Figueroa, do partido governista Novas Ideias, que controla a maioria no Parlamento.

A reforma não apenas elimina o limite de reeleição, mas também revoga a necessidade de um segundo turno nas eleições, facilitando a vitória do candidato com mais votos na primeira rodada. Essa mudança é vista por muitos como um passo em direção ao fortalecimento do poder presidencial e uma ameaça à democracia no país.

A deputada opositora Marcela Villatoro expressou sua preocupação durante a sessão, afirmando que “hoje morreu a democracia em El Salvador”. Ela criticou o momento da votação, que ocorreu em meio a um período de férias, sugerindo que a proposta foi aprovada em um contexto de distração popular.

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Além disso, a reforma prevê a antecipação do término do atual mandato de Bukele, que estava previsto para 2029, para que as próximas eleições gerais coincidam com as eleições legislativas e municipais em 2027. Essa medida tem como objetivo unificar o calendário eleitoral e permitir que Bukele se candidate novamente.

O presidente é amplamente popular entre a população, em parte devido à sua política de combate ao crime, que resultou em uma drástica redução da violência no país. No entanto, essa abordagem tem sido criticada por organizações de direitos humanos, que denunciam abusos e repressão a opositores e defensores de direitos.

Desde que assumiu o cargo, Bukele tem enfrentado acusações de autoritarismo. Em sua defesa, ele afirmou que não se importa em ser chamado de “ditador”, preferindo essa rotulação a ver cidadãos sendo mortos nas ruas. Essa postura reflete sua confiança em manter o apoio popular, que segundo pesquisas, ultrapassa 80%.

O novo cenário político em El Salvador levanta preocupações sobre o futuro da democracia no país, especialmente considerando o histórico de repressão a vozes críticas e a detenção de defensores dos direitos humanos. A aprovação da reforma constitucional é vista como um passo decisivo que pode consolidar o controle de Bukele sobre o governo e as instituições do país.

Enquanto a oposição denuncia os riscos à democracia, o governo continua a implementar suas políticas de segurança, que têm sido eficazes na redução da criminalidade, mas a um custo elevado em termos de direitos civis e liberdades individuais. O debate sobre a legitimidade dessas reformas e suas implicações para o futuro de El Salvador está apenas começando.

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