Deputados do PL questionam uso de servidores públicos para atividades da primeira-dama Rosângela Lula da Silva.
14 de Outubro de 2025 às 09h32

Oposição apresenta projeto para revogar decreto que amplia poderes de Janja

Deputados do PL questionam uso de servidores públicos para atividades da primeira-dama Rosângela Lula da Silva.

Na última semana, parlamentares da oposição formalizaram esforços para sustar o Decreto nº 12.604/2025, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em agosto e publicado no Diário Oficial da União. A norma altera a estrutura administrativa da Presidência da República, ampliando o acesso da primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, aos serviços do Gabinete Pessoal, garantindo respaldo legal para sua atuação em eventos culturais, sociais e cerimoniais.

O Gabinete Pessoal é chefiado por Marco Aurélio Santana Ribeiro, e conta com 189 cargos comissionados e funções de confiança, incluindo Ajudância de Ordens, Cerimonial, Gabinete Adjunto de Agenda e Diretoria de Documentação Histórica. Antes do decreto, Janja contava com uma equipe informal de cerca de 12 assessores, com custo estimado de R$ 3,8 milhões em 2023 e 2024, sem incluir despesas de cartão corporativo. O decreto consolida normas da Advocacia Geral da União (AGU) que definem regras para a atuação de cônjuges presidenciais.

Segundo a Secretaria de Comunicação da Presidência, a medida visa formalizar o trabalho da primeira-dama, garantindo transparência e prestação de contas, integrando suas ações a pautas como direitos das mulheres, cultura e sustentabilidade, sem criar novos cargos remunerados.

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Em resposta, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) anunciou em outubro, por meio de postagem em sua rede social, a apresentação de um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para sustar os efeitos da norma. Ele argumenta que o decreto cria um “gabinete paralelo” para a primeira-dama, utilizando servidores públicos para suas atividades, o que, segundo ele, amplia a máquina estatal sem aprovação do Congresso.

O projeto é coautorado pelo deputado André Fernandes (PL) e solicita a suspensão imediata do decreto, além de informações sobre seus impactos orçamentários. A oposição mobilizou outros parlamentares, como Luciano Zucco (PL) e Rodrigo Valadares (União), que também protocolaram PDLs sobre o tema.

Os deputados afirmam que a norma extrapola as competências do Executivo e destina recursos públicos de forma indevida. Segundo os parlamentares, o decreto viola princípios constitucionais de legalidade, moralidade e impessoalidade, além de representar a promoção de figuras públicas em meio a ajustes fiscais e reformas.

Para que os PDLs tenham efeito, é necessária a aprovação conjunta da Câmara e do Senado, conforme previsto no artigo 49, inciso V, da Constituição. A oposição continua a pressionar por uma revisão da norma, que é vista como um passo controverso na relação entre o governo e a primeira-dama.

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