Juiz Eduardo Appio, crítico da Lava Jato, é investigado por furto de champanhe
O juiz federal é alvo de um procedimento disciplinar após ser citado em caso de furto de garrafas de Môet&Chandon em Blumenau, SC.
O juiz federal Eduardo Appio, conhecido por suas críticas à Operação Lava Jato e à atuação do ex-juiz Sérgio Moro e do ex-procurador Deltan Dallagnol, é o alvo de uma investigação policial inusitada. O caso envolve a suposta tentativa de furto de três garrafas de champanhe francês Môet&Chandon em um supermercado localizado em Blumenau, Santa Catarina.
O incidente ocorreu na quarta-feira, 22 de outubro. Câmeras de segurança do estabelecimento teriam flagrado a ação, que resultou em um boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil de Santa Catarina. Cada garrafa de Môet&Chandon pode custar até R$ 500.
Em declaração ao Estadão, Appio afirmou: “Não sei de nada. Meu advogado vai explicar esse mal-entendido.” O juiz será investigado no âmbito de um procedimento disciplinar conduzido pela Corregedoria do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), com sede em Porto Alegre. O tribunal informou que “não se manifestará por ora” sobre o caso.
A descrição física do suspeito, conforme relatado por um segurança do supermercado, não confere com as características de Appio. No entanto, o veículo utilizado na ação, um Jeep Compass, pertence ao magistrado, o que levanta questões sobre sua implicação no incidente.
Eduardo Appio ganhou notoriedade ao assumir a 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, cargo anteriormente ocupado por Sérgio Moro, atualmente senador. Ele herdou processos remanescentes da Lava Jato e, desde então, tem sido um crítico contundente das práticas adotadas durante a operação.
O juiz publicou o livro “Tudo por dinheiro: a ganância da Lava Jato”, onde relata sua experiência e critica a condução da investigação. Em sua obra, Appio descreve os integrantes da Lava Jato como operando quase como uma “organização criminosa”, e faz severas acusações sobre a gestão de Moro à frente da operação.
Um dos capítulos do livro é dedicado a Moro, intitulado “Como Moro politizou o Judiciário”, onde ele discorre sobre as práticas do ex-juiz e suas implicações no sistema judiciário. Appio menciona dificuldades que enfrentou ao assumir a vara, afirmando que “Sérgio Moro, sem dúvida, é o pior gestor que conheci”.
O TRF4, ao ser notificado sobre o caso, informou que os procedimentos cabíveis serão realizados, mas sob sigilo, dada a natureza do envolvimento de um magistrado. A investigação segue em andamento, e os detalhes permanecem confidenciais.
Eduardo Appio, que criticou abertamente os métodos da Lava Jato, agora se vê no centro de uma controvérsia que pode impactar sua carreira e a credibilidade de suas acusações anteriores. O desdobramento da investigação poderá trazer novas revelações sobre sua atuação e as circunstâncias que o levaram a ser alvo de tal acusação.
Veja também: