Comissão de Direitos Humanos da Câmara solicita apuração independente após mortes em operação policial
31 de Outubro de 2025 às 09h11

Parlamentares de esquerda pedem investigação federal sobre megaoperação no Rio

Comissão de Direitos Humanos da Câmara solicita apuração independente após mortes em operação policial

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, expressou preocupação nesta quinta-feira (30) sobre a megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro, que resultou na morte de mais de 130 pessoas nos complexos do Alemão e da Penha. Guterres solicitou uma investigação imediata para apurar as circunstâncias do episódio e garantir que as ações das forças de segurança sigam as normas internacionais de direitos humanos.

A deputada estadual Renata Souza, do PSOL, também se manifestou, pedindo a federalização da investigação sobre a operação, que é considerada a mais letal da história do estado. Em seu pedido, a parlamentar citou precedentes de casos como o da missionária Dorothy Stang e do advogado Manoel Mattos, que tiveram suas investigações federalizadas devido à gravidade das situações.

Em seu documento, Renata enfatizou falhas na preservação da cena do crime, mencionando que populares teriam retirado vestimentas das vítimas, o que indicaria que a cena não foi adequadamente preservada pelas autoridades policiais. “Causou estranheza saber que populares teriam retirado vestimentas das vítimas do confronto, deixando-os seminus numa das ruas do Complexo do Alemão”, destacou a deputada.

Além de Renata Souza, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Reimont (PT-RJ), também pediu uma investigação federal. Reimont afirmou que a operação representa um “crime de Estado”, independentemente do envolvimento das vítimas com a criminalidade. “O Estado não pode ter todo o processo e fazer todas as averiguações. Nós vamos pedir uma perícia federal”, declarou.

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O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), membro da mesma comissão, apoiou a ideia de uma investigação federal, ressaltando que a operação teve um cunho político e que uma perícia independente é essencial para garantir transparência. “A nossa obrigação, na Comissão de Direitos Humanos, é garantir que seja jogada luz em todas essas investigações”, afirmou Otoni.

Por sua vez, a Comissão Especial de Favelas e Periferias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro também protocolou um pedido semelhante, solicitando o deslocamento da competência à Procuradoria-Geral da República. A presidente da comissão, Renata Souza, destacou a necessidade de preservar todos os vestígios periciais e registros audiovisuais relacionados à operação.

Os parlamentares de esquerda têm enfatizado a urgência de uma intervenção externa e imparcial, considerando que a resposta das autoridades estaduais à operação foi inaceitável. “A vida das pessoas, a integridade da prova e a credibilidade das instituições estão em jogo”, afirmou a deputada, ressaltando a gravidade da situação.

A repercussão da megaoperação e os pedidos de investigação federal refletem a crescente preocupação com os direitos humanos e a atuação das forças de segurança no Brasil, especialmente em contextos de violência e criminalidade nas favelas.

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