Parlamentares de esquerda pedem investigação federal sobre megaoperação no Rio
Comissão de Direitos Humanos da Câmara solicita apuração independente após mortes em operação policial
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, expressou preocupação nesta quinta-feira (30) sobre a megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro, que resultou na morte de mais de 130 pessoas nos complexos do Alemão e da Penha. Guterres solicitou uma investigação imediata para apurar as circunstâncias do episódio e garantir que as ações das forças de segurança sigam as normas internacionais de direitos humanos.
A deputada estadual Renata Souza, do PSOL, também se manifestou, pedindo a federalização da investigação sobre a operação, que é considerada a mais letal da história do estado. Em seu pedido, a parlamentar citou precedentes de casos como o da missionária Dorothy Stang e do advogado Manoel Mattos, que tiveram suas investigações federalizadas devido à gravidade das situações.
Em seu documento, Renata enfatizou falhas na preservação da cena do crime, mencionando que populares teriam retirado vestimentas das vítimas, o que indicaria que a cena não foi adequadamente preservada pelas autoridades policiais. “Causou estranheza saber que populares teriam retirado vestimentas das vítimas do confronto, deixando-os seminus numa das ruas do Complexo do Alemão”, destacou a deputada.
Além de Renata Souza, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Reimont (PT-RJ), também pediu uma investigação federal. Reimont afirmou que a operação representa um “crime de Estado”, independentemente do envolvimento das vítimas com a criminalidade. “O Estado não pode ter todo o processo e fazer todas as averiguações. Nós vamos pedir uma perícia federal”, declarou.
O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), membro da mesma comissão, apoiou a ideia de uma investigação federal, ressaltando que a operação teve um cunho político e que uma perícia independente é essencial para garantir transparência. “A nossa obrigação, na Comissão de Direitos Humanos, é garantir que seja jogada luz em todas essas investigações”, afirmou Otoni.
Por sua vez, a Comissão Especial de Favelas e Periferias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro também protocolou um pedido semelhante, solicitando o deslocamento da competência à Procuradoria-Geral da República. A presidente da comissão, Renata Souza, destacou a necessidade de preservar todos os vestígios periciais e registros audiovisuais relacionados à operação.
Os parlamentares de esquerda têm enfatizado a urgência de uma intervenção externa e imparcial, considerando que a resposta das autoridades estaduais à operação foi inaceitável. “A vida das pessoas, a integridade da prova e a credibilidade das instituições estão em jogo”, afirmou a deputada, ressaltando a gravidade da situação.
A repercussão da megaoperação e os pedidos de investigação federal refletem a crescente preocupação com os direitos humanos e a atuação das forças de segurança no Brasil, especialmente em contextos de violência e criminalidade nas favelas.
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