EUA anunciam drástica redução nas admissões de refugiados, priorizando sul-africanos brancos
O governo Trump limitará a 7.500 o número de refugiados aceitos, com foco em africanos brancos e outros grupos perseguidos.
O governo dos Estados Unidos, sob a administração do presidente Donald Trump, anunciou uma significativa redução no número de refugiados que serão admitidos no país, estabelecendo um novo teto de apenas 7.500 pessoas para o ano fiscal de 2026. Essa decisão representa uma queda drástica em relação ao limite de 125 mil refugiados permitido durante a gestão do ex-presidente Joe Biden.
De acordo com um memorando da Casa Branca, a maioria das admissões será destinada a sul-africanos brancos, conhecidos como afrikaners, e a outras vítimas de discriminação considerada ilegal ou injusta em seus países de origem. Essa mudança de política gerou críticas e preocupações sobre a nova direção do programa de refugiados dos EUA, que historicamente se pautou por princípios humanitários.
O anúncio foi feito na última quinta-feira, 30 de setembro, e marca uma ruptura com a tradição americana de acolhimento de refugiados, que por décadas permitiu a entrada de pessoas fugindo de guerras, perseguições e crises humanitárias. O novo limite foi publicado no Registro Federal, mas não foram fornecidas explicações detalhadas sobre a justificativa para essa drástica redução.
Organizações de direitos humanos e assistência a refugiados expressaram descontentamento com a decisão. O projeto International Refugee Assistance afirmou que “essa determinação deixa claro que a administração Trump valoriza a política em detrimento da proteção”. A crítica se concentra no fato de que, ao priorizar um grupo específico, o governo estaria politizando um programa que deveria ser neutro e focado nas necessidades humanitárias.
Krish O'Mara Vignarajah, CEO da Global Refuge, também se manifestou contra a medida, ressaltando que “essa decisão não apenas reduz o teto de admissões de refugiados, mas também diminui nossa posição moral”. Vignarajah lembrou que o programa de refugiados dos EUA tem sido um suporte vital para famílias que fogem de situações de guerra e repressão.
O governo Trump, que já havia interrompido a chegada de refugiados logo após assumir o cargo, fez uma exceção para os afrikaners, apesar das insistências do governo sul-africano de que este grupo não está sendo perseguido em seu país. A primeira leva de 50 refugiados sul-africanos chegou aos Estados Unidos em maio deste ano, em meio a alegações de que estariam fugindo de um “genocídio” que muitos consideram infundado.
Além disso, a administração Trump tem enfrentado críticas por sua postura em relação a outros grupos de refugiados, como afegãos e venezuelanos, que também buscam proteção nos EUA. A decisão de priorizar os sul-africanos brancos levanta questões sobre a equidade do sistema de imigração e as diretrizes que orientam o acolhimento de refugiados.
Desde a criação do programa de refugiados em 1980, mais de dois milhões de pessoas foram admitidas nos Estados Unidos, muitas delas fugindo de perseguições e conflitos. A nova política, que concentra a maioria das admissões em um único grupo, é vista como uma mudança radical que pode comprometer a credibilidade e a eficácia do programa.
O governo Trump, ao justificar a nova política, afirmou que a admissão dos 7.500 refugiados é “justificada por preocupações humanitárias ou está de outra forma no interesse nacional”. Contudo, a falta de transparência e a ausência de dados que sustentem essa decisão têm gerado desconfiança entre especialistas e defensores dos direitos humanos.
O debate sobre a política de imigração e o tratamento de refugiados nos EUA continua a ser um tema polarizador, especialmente em um momento em que crises humanitárias se intensificam em várias partes do mundo. A nova política de refugiados pode ter um impacto duradouro na forma como os Estados Unidos se posicionam em relação a questões de imigração e direitos humanos no cenário global.
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