Ataques dos EUA a embarcações no Pacífico resultam em seis mortes e 76 no total
A ofensiva militar americana contra supostos traficantes de drogas no Pacífico gera polêmica e críticas internacionais.
Seis pessoas morreram em novos ataques realizados pelos Estados Unidos contra embarcações suspeitas de envolvimento com o tráfico de drogas no Pacífico, conforme anunciou o secretário da Defesa, Pete Hegseth, nesta segunda-feira (10). Com esses incidentes, o número total de fatalidades na controversa operação antidrogas americana chega a 76.
Os ataques ocorreram no domingo passado, quando duas embarcações foram atingidas na região leste do Pacífico, cada uma com três pessoas a bordo. Hegseth informou que, após os ataques, todos os ocupantes das embarcações foram confirmados como mortos, sem que houvesse registro de feridos entre as forças armadas americanas.
O secretário da Defesa utilizou a plataforma X para justificar as ações, afirmando que as embarcações estavam transportando narcóticos. “Os seis morreram. Nenhuma força americana ficou ferida”, destacou Hegseth em sua declaração.
A ofensiva militar dos Estados Unidos, que teve início em setembro, visa combater o narcotráfico na região, especialmente em águas internacionais do Pacífico e do Caribe. Desde então, as forças americanas realizaram uma série de ataques a embarcações que, segundo Washington, estão associadas a organizações criminosas.
Contudo, a legitimidade dessas operações tem sido questionada por especialistas e defensores dos direitos humanos. O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu uma investigação sobre a legalidade das ações, apontando que há “sólidos indícios” de que as operações podem ser consideradas execuções extrajudiciais.
“Solicitei à administração americana que abra uma investigação, pois é necessário questionar: estamos diante de violações do direito internacional dos direitos humanos? Estamos falando de execuções extrajudiciais?”, afirmou Türk em uma entrevista à agência AFP.
Além disso, críticos das ações militares destacam que muitos dos mortos podem ser civis, incluindo pescadores que estavam nas proximidades das embarcações atacadas. A falta de provas concretas que liguem os ocupantes das embarcações ao narcotráfico tem gerado ainda mais controvérsias sobre a natureza das operações.
O governo americano, por sua vez, tem justificado os ataques como parte de um esforço para proteger a segurança nacional e combater o que considera organizações terroristas associadas ao tráfico de drogas. O presidente Donald Trump, em uma carta ao Congresso, declarou que os Estados Unidos estão em “conflito armado” contra cartéis de drogas latino-americanos, justificando assim a necessidade de tais operações militares.
Com os recentes ataques, o número de embarcações atingidas pelos Estados Unidos desde o início da campanha militar chega a 20. As operações têm sido amplamente criticadas, com apelos de organizações internacionais para que sejam cessadas e que investigações independentes sejam realizadas.
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