Ex-presidente francês Nicolas Sarkozy é liberado após 20 dias de prisão
Sarkozy, condenado por financiamento ilegal de campanha, aguarda recurso em liberdade condicional com restrições
A Justiça francesa concedeu, nesta segunda-feira (10), liberdade condicional ao ex-presidente Nicolas Sarkozy, que estava preso desde 21 de outubro por formação de quadrilha em um caso de financiamento ilegal de sua campanha presidencial com recursos do ex-ditador líbio Muammar Gaddafi. A decisão foi proferida por um tribunal de Paris, que determinou que Sarkozy ficará sob “supervisão judicial” enquanto aguarda o julgamento do recurso contra a condenação.
De acordo com informações da TV francesa BFM, o ex-mandatário deverá ser libertado ainda nesta tarde, após cumprir menos de três semanas de reclusão na penitenciária de La Santé, em Paris.
A defesa de Sarkozy argumentou que ele não representa risco de fuga, não oferece perigo à sociedade e não tem intenção de intimidar testemunhas. Com isso, a Justiça considerou que a manutenção da prisão era “injustificada”, uma vez que não havia risco de ocultação de provas ou conluio.
Após a decisão, Christophe Ingrain, um dos advogados de Sarkozy, afirmou que esse era apenas o primeiro passo e que o próximo seria o julgamento do recurso. “Nosso trabalho agora é preparar a audiência de recurso”, disse.
O filho de Sarkozy, Louis, comemorou a decisão nas redes sociais, compartilhando uma foto de sua infância ao lado do pai e escrevendo: “Viva a liberdade!”.
Entretanto, Sarkozy estará sujeito a diversas medidas cautelares. Ele está proibido de deixar a França e de contatar outros réus envolvidos no caso, incluindo o ministro da Justiça, Gérald Darmanin, que o visitou durante seu período de encarceramento, gerando controvérsias.
O ex-presidente, que governou a França de 2007 a 2012, se tornou o primeiro ex-chefe de Estado francês a ser preso. Ele foi condenado a cinco anos de prisão em regime fechado por associação criminosa relacionada ao financiamento de sua campanha presidencial com recursos da Líbia.
Durante as três semanas em que esteve detido, Sarkozy ficou em uma cela isolada, com dois guardas de plantão em uma cela vizinha, para evitar contato com outros detentos. Relatos indicam que alguns prisioneiros foram transferidos devido a tentativas de perturbar o sono do ex-presidente.
Além de Sarkozy, dois de seus colaboradores também foram condenados no mesmo processo, recebendo penas de dois e seis anos de prisão, respectivamente. Um deles usará tornozeleira eletrônica, enquanto o outro, devido à idade avançada, não cumprirá regime fechado.
Vale lembrar que, no ano anterior, Sarkozy teve que usar tornozeleira eletrônica por três meses em decorrência de outro processo relacionado a escutas telefônicas ilegais durante a mesma campanha eleitoral, onde foi condenado a três anos de prisão, mas em regime aberto.
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