Senador Fabiano Contarato é eleito presidente da CPI do Crime Organizado no Senado
Comissão terá 120 dias para investigar milícias e facções criminosas em todo o Brasil
O senador Fabiano Contarato, do Partido dos Trabalhadores (PT) do Espírito Santo, foi eleito na última terça-feira (4) presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado. A CPI tem como objetivo investigar a estrutura, expansão e funcionamento de organizações criminosas, com foco especial em milícias e facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV).
A comissão, composta por 11 senadores titulares e sete suplentes, terá um prazo de 120 dias para realizar suas investigações. Durante a votação, Contarato obteve 6 votos a favor, enquanto seu oponente, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), recebeu 5 votos. Mourão, que também concorria à presidência, foi indicado para a vice-presidência da CPI, cargo que, segundo a prática, não existe formalmente nas comissões parlamentares de inquérito.
Em seu discurso após a eleição, Contarato, que possui 27 anos de experiência como delegado de polícia, enfatizou a importância do combate ao crime organizado. Ele declarou: “Assumo a missão de presidir a CPI do Crime Organizado com humildade e com um compromisso inegociável: investigar com independência, transparência e coragem. Será uma comissão para ir até o topo da cadeia criminosa, para identificar e responsabilizar não apenas os executores, mas também os líderes, financiadores e cúmplices que lucram com a violência e a corrupção.”
A instalação da CPI ocorre em um contexto de crescente preocupação com a segurança pública no Brasil, especialmente após a recente operação policial no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes. Essa operação trouxe à tona a necessidade urgente de um enfrentamento mais eficaz às facções criminosas que atuam em várias regiões do país.
O relator da CPI será o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que propôs a criação do colegiado. Em suas declarações, Vieira destacou que a CPI deve trabalhar com dados e não com narrativas, buscando soluções concretas para o problema do crime organizado. “O crime organizado se sofisticou e alcançou espaços de poder. É preciso modernizar a legislação e a estrutura de combate, com foco em inteligência e rastreamento financeiro”, afirmou.
Durante a primeira reunião da CPI, Contarato prestou homenagem aos policiais mortos na operação no Rio, ressaltando a importância de valorizar as vidas dos agentes de segurança que atuam em condições adversas. Ele também enfatizou que a CPI não deve ser vista como uma ferramenta política, mas sim como um esforço coletivo para enfrentar um problema que afeta toda a sociedade.
A composição da CPI reflete um equilíbrio entre governo e oposição, sem que haja uma ampla maioria em nenhum dos lados, o que promete tornar os debates mais acirrados e desafiadores. A expectativa é que a comissão traga à tona informações relevantes sobre o funcionamento das organizações criminosas e suas conexões com o poder público.
Contarato, que é natural de Nova Venécia, no Espírito Santo, destacou que seu compromisso é com a verdade e a justiça, e que a CPI terá um papel crucial na busca por soluções que garantam a segurança e a paz para todos os brasileiros. “Precisamos virar a página deste modelo de segurança pública que é marcado pelo improviso e pela desarticulação entre os entes federativos”, concluiu.
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