SoftBank vende participação na Nvidia por US$ 5,8 bilhões para investir em IA
A venda da Nvidia é parte de uma estratégia do SoftBank para financiar projetos em inteligência artificial e tecnologia.
O SoftBank Group anunciou a venda de sua totalidade de participação na fabricante de chips Nvidia, resultando em um montante de US$ 5,83 bilhões. Este movimento é parte de uma estratégia mais ampla da empresa japonesa, que visa direcionar recursos para investimentos em inteligência artificial (IA), em um contexto onde investidores questionam os altos gastos em tecnologia com retornos incertos.
O CEO da Nvidia, Jensen Huang, tem solicitado à Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) mais chips para atender à crescente demanda por IA, o que reflete a pressão sobre o setor de semicondutores. A venda das ações da Nvidia, que ocorreu em outubro, coincide com um momento em que as ações da empresa apresentaram uma valorização significativa, mas o SoftBank decidiu que era hora de reestruturar seu portfólio.
O fundador do SoftBank, Masayoshi Son, está em busca de recursos para financiar uma série de projetos, que vão desde a construção de data centers no projeto Stargate até fábricas de robôs de IA nos Estados Unidos. Durante uma conferência de resultados, o diretor financeiro Yoshimitsu Goto comentou que a venda não foi motivada por questões relacionadas à Nvidia, mas sim uma necessidade de captação de recursos para novos investimentos.
“Não posso afirmar se estamos em uma bolha de IA ou não”, disse Goto, enfatizando que a venda das ações foi uma medida necessária para garantir a liquidez da empresa. O SoftBank já havia se desfeito de sua participação na Nvidia em 2019, antes do boom do ChatGPT, e sua última divulgação indicava que o investimento na empresa valia cerca de US$ 3 bilhões no final de março.
A valorização da Nvidia, que cresceu mais de US$ 2 trilhões em valor de mercado desde então, juntamente com o investimento na OpenAI, ajudou a sustentar o resultado financeiro do SoftBank. A companhia registrou um lucro líquido inesperado de 2,5 trilhões de ienes (aproximadamente US$ 16,2 bilhões) em seu segundo trimestre fiscal, superando as expectativas de analistas.
Além disso, o SoftBank está em um caminho para registrar seu maior lucro anual desde 2020, conforme apontou o analista da Bloomberg Intelligence, Kirk Boodry. Ele destacou que a venda de ações da Nvidia reflete o acesso da empresa à liquidez enquanto continua seu programa de investimentos em IA.
O conglomerado japonês também anunciou uma divisão de ações na proporção de 4 para 1, que ocorrerá em 1º de janeiro, como uma medida para tornar seus papéis mais acessíveis aos investidores de varejo no Japão. Essa estratégia é uma tentativa de atrair novos investidores em um ambiente de incertezas no mercado.
O SoftBank, por meio de seu Vision Fund 2, planeja investir US$ 22,5 bilhões na OpenAI, removendo condições prévias que haviam sido impostas anteriormente. Além disso, a empresa está em negociações para adquirir a projetista de chips americana Ampere Computing por US$ 6,5 bilhões e concordou em comprar a divisão de robótica da ABB por US$ 5,4 bilhões.
O desafio para o SoftBank será equilibrar o financiamento por trás da enxurrada de acordos que a empresa assinou, além de quaisquer novas iniciativas que Masayoshi Son possa assumir nos próximos meses. A venda das ações da Nvidia, portanto, representa um passo significativo na reestruturação do conglomerado, que busca se consolidar como um dos principais investidores no emergente setor de inteligência artificial.
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