Decisão judicial determina que ChatGPT usou letras de canções sem autorização, criando precedente na Europa.
11 de Novembro de 2025 às 14h53

Tribunal alemão condena OpenAI por violar direitos autorais de músicas

Decisão judicial determina que ChatGPT usou letras de canções sem autorização, criando precedente na Europa.

Um tribunal regional de Munique, na Alemanha, decidiu nesta terça-feira (11) que o ChatGPT, desenvolvido pela OpenAI, violou leis de direitos autorais ao reproduzir letras de nove músicas populares sem a devida autorização. A decisão pode estabelecer um importante precedente sobre o uso de materiais protegidos por direitos autorais por empresas de inteligência artificial na Europa.

A ação foi movida pela GEMA, a sociedade alemã que defende os direitos autorais musicais, em maio deste ano. A GEMA representa compositores, letristas e editores e alegou que a OpenAI utilizou letras de artistas renomados, como Herbert Grönemeyer, para treinar seu modelo de linguagem.

A juíza Elke Schwager, que presidiu o caso, afirmou que a OpenAI terá que pagar uma indenização pelo uso não autorizado do material, embora o valor exato não tenha sido divulgado. A decisão é considerada um marco na discussão sobre os direitos dos autores em relação ao uso de suas obras por tecnologias de inteligência artificial.

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Durante o julgamento, a OpenAI argumentou que seus modelos de linguagem não armazenam dados específicos, mas sim refletem o que aprenderam a partir de um conjunto de dados mais amplo. A empresa defendeu que o conteúdo gerado pelo ChatGPT resulta de solicitações dos usuários, e não de um uso direto das letras.

No entanto, o tribunal considerou que a memorização e a reprodução das letras protegidas configuram sim uma violação. A OpenAI ainda pode recorrer da decisão. Em declaração à agência Reuters, um porta-voz da empresa expressou desacordo com o veredicto e destacou que a questão envolve um conjunto limitado de letras, sem impactar o uso mais amplo de sua tecnologia.

“Discordamos da decisão e estamos analisando os próximos passos. A decisão se refere a um conjunto limitado de letras de música e não afeta os milhões de pessoas, empresas e desenvolvedores na Alemanha que usam nossa tecnologia diariamente”, afirmou o porta-voz.

O caso não é isolado, pois a OpenAI já enfrentou acusações semelhantes em outras jurisdições. A condenação na Alemanha pode influenciar discussões sobre como as empresas de IA devem lidar com direitos autorais, especialmente em um contexto onde o uso de dados protegidos é comum no treinamento de modelos de linguagem.

A GEMA, por meio de seu CEO Tobias Holzmueller, comemorou a decisão, afirmando que ela estabelece um precedente que protege os direitos dos autores. Ele enfatizou a importância de garantir que ferramentas de IA, como o ChatGPT, cumpram as leis de direitos autorais, destacando que “a internet não é uma loja de autosserviço, e as criações humanas não são modelos gratuitos”.

O desfecho desse caso poderá influenciar futuras negociações entre a OpenAI e entidades de direitos autorais, além de impactar o cenário mais amplo de regulamentação de inteligência artificial na Europa. A decisão do tribunal reflete as crescentes preocupações sobre como as tecnologias emergentes interagem com a propriedade intelectual e os direitos dos criadores.

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