Crescimento do PIB brasileiro é de apenas 0,1% no terceiro trimestre de 2025
Desempenho abaixo do esperado é reflexo de juros altos e tarifas nos EUA; agropecuária se destaca com alta de 10,1%.
A economia brasileira apresentou um crescimento modesto de apenas 0,1% no terceiro trimestre de 2025 em comparação ao trimestre anterior, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse resultado indica uma desaceleração significativa após a recuperação inicial impulsionada pela safra agrícola recorde, em um cenário marcado por altas taxas de juros e tarifas impostas pelos Estados Unidos.
O Produto Interno Bruto (PIB) do país, que totalizou R$ 3,2 trilhões, foi afetado por um desempenho desigual entre os setores econômicos. A agropecuária, por outro lado, destacou-se com um crescimento de 10,1%, impulsionado pela forte produção de milho, algodão, laranja e trigo. A indústria também apresentou um crescimento de 0,8%, liderada pelos setores extrativo (1,7%), construção (1,3%) e transformação (0,3%).
No setor de serviços, que é o maior da economia, a variação foi praticamente estável, com um crescimento de apenas 0,1%. Dentro desse setor, as atividades de transporte (2,7%), informação e comunicação (1,5%) e comércio (0,4%) mostraram avanços, enquanto o setor financeiro enfrentou uma retração de 1%.
O consumo das famílias teve uma leve variação de 0,1%, enquanto os gastos do governo avançaram 1,3%. O indicador de Formação Bruta de Capital Fixo, que mede os investimentos, cresceu 0,9%. No comércio exterior, as exportações aumentaram 3,3%, enquanto as importações subiram 0,3%.
Em comparação ao mesmo período do ano anterior, o PIB cresceu 1,8%. O setor agropecuário foi o principal responsável por esse resultado positivo, seguido pela indústria com um crescimento de 1,7% e serviços com 1,3%. As exportações tiveram um desempenho robusto, com um aumento de 7,2%, impulsionadas por produtos como óleo e gás, veículos e produtos agrícolas.
No acumulado dos últimos 12 meses até setembro, a economia brasileira cresceu 2,7%, com crescimento disseminado entre os setores de agropecuária, indústria e serviços. A taxa de investimento ficou em 17,3% do PIB, enquanto a taxa de poupança foi de 14,5%.
O resultado do PIB veio abaixo das expectativas do mercado, que previa um crescimento de 0,2%. A manutenção da Selic em 15% ao ano continua a limitar investimentos e consumo, além de que parte das exportações foi impactada por sobretaxas impostas pelos EUA no terceiro trimestre. Apesar desse cenário, o mercado de trabalho permanece aquecido, com a taxa de desemprego em queda e a renda em alta, o que ajuda a mitigar os efeitos das altas taxas de juros.
As projeções do Boletim Focus indicam um crescimento de 2,16% para 2025, enquanto o Ministério da Fazenda estima um avanço de 2,2%. Ambas as previsões apontam para uma desaceleração em relação a 2024, que teve um crescimento de 3,4%. Para 2026, as expectativas do mercado são de um crescimento de 1,78%. Analistas observam que políticas de estímulo têm sustentado o PIB, mas alertam sobre riscos fiscais e incertezas em relação às medidas econômicas em um ano pré-eleitoral.
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