A Polícia Federal investiga tentativas do ex-ministro de descobrir detalhes da colaboração do tenente-coronel Mauro Cid.
26 de Novembro de 2024 às 17h53

Braga Netto teria buscado informações sobre delação de Mauro Cid, diz PF

A Polícia Federal investiga tentativas do ex-ministro de descobrir detalhes da colaboração do tenente-coronel Mauro Cid.

A Polícia Federal (PF) revelou que o ex-ministro Walter Braga Netto supostamente tentou obter informações sobre o acordo de colaboração do tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. As investigações indicam que essa busca de informações foi realizada através dos pais de Cid.

O relatório final da PF aponta que Braga Netto teria se comunicado com os genitores de Mauro Cid, buscando entender os termos do acordo de delação. "Outros elementos de prova demonstram que Braga Netto buscou, por meio dos genitores de Mauro Cid, informações sobre o acordo de colaboração", diz o documento, que também indiciou Bolsonaro e outras 34 pessoas.

Uma troca de mensagens entre o general Mario Fernandes, igualmente indiciado, sugere que os pais de Cid teriam contatado Braga Netto e o ex-ministro Augusto Heleno, afirmando que a delação era falsa. "Sobre a suposta delação premiada do Cid, a mãe e o pai dele ligaram para o GBN e para o GH informando que é tudo mentira!", relatou Fernandes em mensagem destinada ao coronel reformado Jorge Luiz Kormann.

Essa comunicação ocorreu em 12 de setembro, apenas três dias após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologar a delação de Mauro Cid. Além disso, a PF revelou que uma operação de busca na sede do Partido Liberal resultou na apreensão de um documento que parece conter perguntas e respostas relacionadas à delação de Cid, o que levanta questões sobre a intenção de Braga Netto em proteger-se.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

O relatório da PF descreve que o conteúdo do documento sugere que as respostas foram fornecidas por Mauro Cid a questionamentos de alguém do círculo próximo a Braga Netto. O texto indica uma preocupação com temas identificados pela PF, que estão ligados a tentativas de golpe de Estado, evidenciando que o grupo investigado atuou para acessar informações do acordo de colaboração de Cid.

O documento apreendido também inclui perguntas sobre a chamada "minuta do 142", que se refere a um plano de ação que supostamente visava a intervenção militar. Em resposta a uma dessas perguntas, Cid teria afirmado que "eles sabem de coisas que não estavam em lugar nenhum (e-mail, celular etc)".

Além disso, o material questiona a atuação das Forças Especiais em datas específicas, além do 8 de janeiro, e menciona a necessidade de verificar informações que circulam na imprensa. Cid teria respondido que "99% é fake. Requentam o que estava na imprensa".

O ministro Alexandre de Moraes decidiu retirar o sigilo do relatório final da investigação, que resultou no indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outras 36 pessoas, por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.

Veja também:

Tópicos: