Crescimento de 56% no número de usuários gera movimentação de R$ 853 milhões no setor.
27 de Novembro de 2024 às 11h12

Brasil alcança 672 mil pacientes em tratamento com cannabis medicinal em 2024

Crescimento de 56% no número de usuários gera movimentação de R$ 853 milhões no setor.

O Brasil ultrapassou a marca de 672 mil pacientes que utilizam cannabis medicinal em 2024, um aumento de 56% em relação ao ano anterior. O dado, que representa um novo recorde, foi divulgado no anuário da Kaya Mind, uma empresa especializada no setor. O crescimento expressivo reflete não apenas a ampliação do número de usuários, mas também a crescente aceitação da cannabis como uma opção viável de tratamento.

O segmento de cannabis medicinal movimentou aproximadamente R$ 853 milhões este ano, um valor que destaca a força do mercado no país. Além do aumento no número de pacientes, a pesquisa revela que os usuários estão distribuídos em cerca de 80% dos municípios brasileiros, evidenciando a disseminação do uso da cannabis medicinal em diversas regiões.

Maria Eugenia Riscala, CEO da Kaya, comentou sobre a diversidade de produtos disponíveis, que já soma mais de 2.180 itens. Segundo ela, “a expansão da cannabis medicinal é visível no Brasil, não apenas em números, mas na forma como a medicina integra essas opções de tratamento à rotina dos pacientes em todo o país”.

O faturamento do setor neste ano representa um crescimento de 22% em comparação ao ano anterior, quando o total foi de R$ 699 milhões. A expectativa é que até 2025, o faturamento atinja a marca de R$ 1 bilhão, um salto significativo em relação aos R$ 144 milhões registrados em 2021.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

Thiago Cardoso, chefe de Inteligência da Kaya, destacou os avanços regulatórios que têm colocado o Brasil em evidência no cenário global. “Esse avanço permite que mais pacientes encontrem soluções terapêuticas adequadas às suas necessidades e posiciona o Brasil como um mercado competitivo e inovador”, afirmou Cardoso.

Embora o crescimento do setor seja notável, ainda existem desafios a serem superados. Produtos como cápsulas, óleos e sprays enfrentam barreiras regulatórias que limitam sua disponibilidade nas prateleiras. Atualmente, cerca de 47% dos pacientes dependem da importação dos produtos, enquanto 31% obtêm suas medicações em farmácias e 22% através de associações que oferecem suporte a quem não pode arcar com os custos.

Jonadabe Oliveira da Silva, vice-presidente da TO Ananda, uma associação que apoia pacientes e familiares, observou uma mudança na percepção pública sobre a cannabis. “Estão quebrando a visão preconceituosa depois de ver pacientes”, disse ele, ressaltando que até mesmo pessoas conservadoras começam a reconhecer a eficácia do tratamento.

A TO Ananda, que completou dois anos, surgiu da experiência de sua presidente, que buscou alternativas ao uso de analgésicos fortes. A associação ganhou apoio da Defensoria Pública e da Fiocruz, com planos de formar parcerias com laboratórios e instituições de ensino superior no próximo ano. Silva, que atua como cabeleireiro, está em processo de transição para o cultivo e o mercado de cannabis, refletindo a crescente profissionalização do setor.

Veja também:

Tópicos: