JP Morgan reduz recomendação para ações brasileiras em meio a incertezas fiscais
Banco destaca falta de apoio governamental e prevê dificuldades para contenção de gastos no Brasil
O banco norte-americano JP Morgan divulgou um relatório nesta terça-feira, 26, no qual rebaixa sua recomendação para as ações brasileiras, indicando um cenário desafiador para a economia nacional. Os analistas ressaltam que, enquanto o México se beneficia de condições globais favoráveis, o Brasil enfrenta incertezas em relação ao aguardado pacote de contenção de gastos.
No documento, o banco afirma que "falta apoio geral da administração" para implementar ajustes necessários nas despesas, o que torna a situação fiscal ainda mais complexa. Segundo os especialistas, é muito ambicioso esperar mudanças estruturais que possam estabilizar a dívida pública em um cenário de falta de consenso político.
O JP Morgan alterou sua classificação das ações brasileiras de overweight para neutro, refletindo a expectativa de um crescimento mais lento na China e o impacto da política de protecionismo comercial do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Os analistas alertam que a elevação das taxas de juros pode prejudicar o desempenho das empresas brasileiras em 2025, sugerindo que o México, que está cortando juros, aparece como uma alternativa mais atraente para investidores.
Em meio a esse contexto desafiador, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que, na quarta-feira, 27, às 20h30, fará uma declaração em rede nacional sobre a elevação da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil. A medida é vista como uma forma de mitigar os impactos do pacote de cortes de gastos, que enfrenta resistência de diversos ministros da área social do governo Lula.
Gustavo Okuyama, gestor de renda fixa da Porto Asset, comentou sobre a situação, afirmando que "o custo dessa medida é suficiente para praticamente anular a economia com o pacote, na visão do mercado." Essa declaração reflete a preocupação com a eficácia das medidas fiscais propostas pelo governo e suas consequências para a economia.
Além disso, o dólar alcançou R$ 5,90 no mesmo dia, refletindo as expectativas em torno dos anúncios de cortes de gastos e a instabilidade econômica. A moeda norte-americana já havia ultrapassado a barreira dos R$ 5,80 no início de novembro, em meio ao cenário eleitoral nos Estados Unidos e à expectativa do pacote fiscal do governo brasileiro.
A cúpula do governo ainda busca um consenso sobre os cortes necessários, com o bloqueio de verbas do Orçamento Geral da União estimado em R$ 6,1 bilhões, conforme informações da Secretaria da Fazenda. Haddad tem se esforçado para articular um pacote com os demais ministros, inclusive cancelando uma viagem à Europa para priorizar as negociações.
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