Após a morte do filho, mãe busca reparação por danos morais e materiais relacionados ao procedimento estético.
28 de Novembro de 2024 às 10h52

Mãe de vítima de peeling de fenol pede R$ 1,4 milhão em indenização à clínica de SP

Após a morte do filho, mãe busca reparação por danos morais e materiais relacionados ao procedimento estético.

Cinco meses após a trágica morte do empresário Henrique da Silva Chagas, ocorrida durante um procedimento de peeling de fenol em uma clínica estética na Zona Sul de São Paulo, sua mãe, Edna Maria Rodrigues da Silva, ajuizou uma ação judicial solicitando uma indenização de R$ 1,4 milhão contra a proprietária do estabelecimento.

A ação foi protocolada no dia 4 de setembro, e de acordo com o advogado Celso Augusto Hentscholek Valente, que representa Edna, o pedido visa compensar danos materiais e morais decorrentes da morte de seu filho, que ocorreu em 3 de junho. Segundo o laudo do Instituto Médico Legal (IML), a causa do falecimento foi a inalação de fenol, substância tóxica utilizada no tratamento estético.

Recentemente, outro incidente envolvendo procedimentos estéticos resultou em morte, aumentando a preocupação sobre a segurança dessas práticas. Uma mulher faleceu após complicações durante uma hidrolipo, o que gerou ampla repercussão nas redes sociais e na mídia.

O peeling de fenol é um procedimento químico usado para promover o rejuvenescimento da pele. Contudo, sua aplicação inadequada pode levar a sérias complicações, como taquicardia e até morte. O laudo médico indicou que Henrique sofreu uma parada cardiorrespiratória provocada por edema pulmonar agudo.

A aplicação do fenol em Henrique foi realizada por Natalia Fabiana de Freitas Antonio, conhecida como Natalia Becker, que se apresentava como esteticista, mas não possui registro na Associação Nacional dos Esteticistas e Cosmetólogos (Anesco).

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O procedimento foi realizado no Studio Natalia Becker, que pertence a ela e ao seu sócio, Jorge Macedo da Cunha. Ambos estão sendo processados na ação judicial, sendo apontados como responsáveis pelo ocorrido.

Edna, que reside em Pirassununga, interior paulista, relatou que dependia financeiramente de seu filho, que gerenciava um pet shop e tinha uma renda mensal de aproximadamente R$ 15 mil.

"Essa ação busca uma reparação moral pela perda violenta do filho e compensação pelos gastos relacionados ao falecimento, como velório e enterro. O processo está em andamento e aguarda o pronunciamento do juiz", afirmou o advogado.

O juiz responsável pelo caso, Edson José de Araújo Junior, ainda não decidiu sobre o valor da indenização, mas já determinou que Natalia pague a Edna uma pensão no valor de dois salários mínimos, cerca de R$ 3 mil, enquanto o processo não é julgado.

Além da esfera civil, Natalia também enfrenta um processo criminal por homicídio doloso, onde é acusada de ter agido com risco à vida de Henrique durante o procedimento. Sua defesa alega que não há responsabilidade jurídica até que haja uma decisão final do tribunal.

As evidências do caso incluem gravações de câmeras de segurança e fotos tiradas por um acompanhante de Henrique, que mostram o momento em que ele passou mal. Uma ambulância foi chamada, mas o empresário foi declarado morto no local.

"A materialidade e a autoria do crime são incontestáveis, pois foi a própria Natalia quem realizou o procedimento", enfatizou o advogado da mãe da vítima.

Em uma entrevista anterior, Natalia descreveu a morte de Henrique como uma "fatalidade". Ela possuía uma significativa base de seguidores nas redes sociais, mas sua conta foi desativada após a repercussão do caso. A Justiça também proibiu que ela exerça atividades como esteticista, e sua clínica foi fechada pela Prefeitura de São Paulo devido à falta de autorização para realizar os tratamentos oferecidos.

O debate sobre quem está apto a realizar o peeling de fenol continua, com o Conselho Federal de Medicina (CFM) afirmando que apenas médicos podem aplicar o procedimento, enquanto a Associação Nacional dos Esteticistas e Cosmetólogos discorda, permitindo que esteticistas realizem peelings, o que gera confusão e riscos à saúde dos pacientes.

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