Pesquisa da Universidade da Califórnia aponta que ingestão elevada de sódio aumenta riscos e agrava sintomas da doença
28 de Novembro de 2024 às 16h32

Estudo revela relação entre consumo excessivo de sal e dermatite atópica

Pesquisa da Universidade da Califórnia aponta que ingestão elevada de sódio aumenta riscos e agrava sintomas da doença

Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, publicaram um estudo que associa a ingestão excessiva de sal a um aumento significativo no risco de dermatite atópica, uma condição inflamatória que causa lesões na pele e coceira intensa. A pesquisa, divulgada na revista JAMA Dermatology, analisou dados de mais de 215 mil adultos entre 30 e 70 anos.

Os cientistas descobriram que para cada grama adicional de sódio consumido diariamente, o risco de desenvolver a dermatite atópica aumenta em 11%. Além disso, o estudo indica que o consumo elevado de sal também está relacionado a um aumento de 16% na probabilidade de ter um episódio ativo da doença, que se manifesta por crises alternadas de remissão e exacerbação, caracterizadas por lesões avermelhadas e descamação.

A pesquisa revelou ainda que uma dieta excessivamente salgada pode elevar em 11% a chance de desenvolver quadros graves da dermatite, que podem resultar em lesões mais severas, incluindo secreções e fissuras infectadas. Ao analisar dados de 13 mil participantes da Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição, os pesquisadores observaram que apenas um grama extra de sódio por dia, equivalente a meia colher de chá de sal, está associado a um risco 22% maior de apresentar um caso ativo de eczema.

A dermatologista Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, ressalta que o sódio é armazenado na pele, onde pode desencadear processos inflamatórios que agravam a dermatite atópica. Ela enfatiza que, embora os resultados sejam promissores, mais estudos são necessários para solidificar essa relação.

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Barbara Miguel, também dermatologista e integrante do Hospital Israelita Albert Einstein, acrescenta que a conexão entre alimentação e a dermatite não é completamente compreendida. Ela sugere que futuras pesquisas poderiam explorar variáveis como uso de hidratantes e temperatura dos banhos, que também podem influenciar o quadro clínico.

Para aqueles que sofrem de dermatite atópica, é essencial adotar cuidados diários, como evitar banhos quentes e prolongados, usar sabonetes suaves e hidratar a pele com produtos sem perfume. Outras recomendações incluem manter uma boa hidratação e evitar o uso de roupas de lã e tecidos sintéticos, bem como minimizar a exposição a estressores e poluentes.

A dermatite atópica é uma condição crônica que pode ter raízes genéticas e está frequentemente associada a outras doenças alérgicas, como rinite e asma. A condição resulta de uma alteração na barreira cutânea, que compromete a proteção da pele contra agentes irritantes e patógenos, levando a um aumento da secura e da inflamação.

O tratamento pode incluir o uso de antibióticos, corticoides tópicos e imunomoduladores, além de anti-histamínicos e fototerapia, visando controlar a inflamação e melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados.

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