A decisão do tribunal gera críticas à falta de liberdade de imprensa e à repressão do governo chinês
29 de Novembro de 2024 às 15h26

Jornalista Dong Yuyu é condenado a sete anos de prisão por espionagem na China

A decisão do tribunal gera críticas à falta de liberdade de imprensa e à repressão do governo chinês

Um tribunal em Pequim condenou, nesta sexta-feira (29), o jornalista Dong Yuyu, de 62 anos, a sete anos de prisão sob a acusação de espionagem. Dong, que atuava como editor e colunista no Guangming Daily, um veículo estatal vinculado ao Partido Comunista Chinês, foi preso em 2022 enquanto almoçava com um diplomata japonês, que também foi detido brevemente.

A família de Dong expressou sua indignação em um comunicado, classificando a sentença como "uma grave injustiça" e ressaltando que a condenação reflete a falência do sistema judiciário na China. “Condenar Yuyu a sete anos de prisão sem evidências claras é um sinal da repressão que os jornalistas e cidadãos chineses enfrentam ao tentarem estabelecer relações amigáveis com o mundo”, declarou a família.

Dong Yuyu é reconhecido por seu trabalho em prol do Estado de Direito e da democracia, ideias que, embora promovidas oficialmente pelo Partido Comunista, são frequentemente reprimidas na prática. Nos últimos anos, o governo sob a liderança de Xi Jinping intensificou a vigilância e o controle sobre a liberdade de expressão, criando um ambiente hostil para jornalistas e intelectuais.

As acusações de espionagem contra Dong surgiram após seu encontro com diplomatas estrangeiros, uma prática que se tornou cada vez mais arriscada na China atual. “O veredito de hoje não é apenas uma injustiça para Dong, mas também para todos os jornalistas e cidadãos que aspiram a um diálogo aberto com o exterior”, afirmou a família em sua declaração.

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Após sua prisão em fevereiro de 2022, Dong ficou incomunicável por seis meses antes de ser formalmente acusado. O julgamento foi marcado por um processo opaco, onde as acusações de espionagem foram apresentadas sem a transparência necessária. Os contatos de Dong com diplomatas, incluindo um ex-embaixador japonês, foram utilizados como prova de suas supostas atividades de espionagem.

A Embaixada do Japão em Pequim não comentou imediatamente sobre o caso. Entretanto, a detenção de Dong e seu tratamento judicial têm gerado preocupação entre defensores da liberdade de imprensa e organizações de direitos humanos, que pedem sua libertação imediata. “As autoridades chinesas devem reverter esse veredicto injusto e garantir que os jornalistas possam trabalhar livremente”, declarou um porta-voz do Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ).

A condenação de Dong Yuyu se insere em um contexto mais amplo de repressão à liberdade de expressão na China. Recentemente, outros cidadãos também foram alvo de investigações e detenções por se envolverem com diplomatas estrangeiros, evidenciando um clima de medo e desconfiança em relação a qualquer interação internacional.

A carreira de Dong, que inclui uma bolsa de jornalismo na Universidade de Harvard e pesquisas em universidades do Japão, mostra um contraste com a realidade atual, onde a liberdade de expressão é severamente limitada. “Dong está sendo perseguido pela independência que sempre demonstrou em sua carreira jornalística”, concluiu a família.

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