PF indicia Bolsonaro e mais 36 por tentativa de golpe de Estado
Indiciamento inclui ex-ministros e outros envolvidos em trama para impedir posse de Lula após eleições.
A Polícia Federal (PF) concluiu, nesta quinta-feira (21), o indiciamento de 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, por crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado ocorrida em 2022. O relatório final da investigação, que apurou a formação de uma organização criminosa, foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para as devidas providências.
O ex-presidente Jair Bolsonaro e ex-integrantes de seu governo foram acusados de organizarem um plano para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, após sua vitória nas eleições de outubro de 2022. O indiciamento abrange crimes como organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
Entre os indiciados, destacam-se figuras proeminentes como os ex-ministros Walter Braga Netto e Augusto Heleno, além de Valdemar da Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL). A investigação da PF revelou que os envolvidos participaram de reuniões e ações discutindo a possibilidade de um golpe, que, segundo a corporação, não se concretizou devido à falta de apoio dos comandantes do Exército e da Aeronáutica, embora o comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, tenha dado aval à trama.
As evidências coletadas pela PF foram obtidas ao longo de quase dois anos, com a realização de diligências que incluíram quebras de sigilos telemáticos, telefônicos e bancários, além de colaborações premiadas e buscas autorizadas pelo Judiciário. O relatório final, que contém mais de 800 páginas, detalha a estrutura da organização criminosa em seis núcleos temáticos, cada um responsável por diferentes aspectos da tentativa de golpe.
Os núcleos identificados pela PF incluem: desinformação e ataques ao sistema eleitoral; incitação de militares a aderirem ao golpe; apoio operacional a ações golpistas; e um núcleo de inteligência paralela, responsável por coletar informações sobre adversários e disseminar dados falsos.
Bolsonaro, por sua vez, negou repetidamente as acusações, afirmando que não houve tentativa de golpe. “O que é golpe? É tanque na rua, é arma, é conspiração”, declarou em manifestações anteriores. O indiciamento agora será analisado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, que decidirá se apresentará denúncia ou não.
A PF ressaltou que as ações investigativas começaram a tomar forma logo após as eleições de 2022, quando a tensão política no Brasil se intensificou. O indiciamento de Bolsonaro e dos demais acusados marca um momento significativo na política brasileira, refletindo a gravidade das alegações e o compromisso das autoridades em investigar possíveis ameaças ao Estado democrático.
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