Durante evento em Mato Grosso do Sul, ministro do STF destacou a importância do devido processo legal em investigações de corrupção.
04 de Dezembro de 2024 às 20h00

Barroso defende que desembargadores de MS suspeitos de corrupção não devem ser punidos antes do julgamento

Durante evento em Mato Grosso do Sul, ministro do STF destacou a importância do devido processo legal em investigações de corrupção.

O ministro Luíz Roberto Barroso, atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), participou nesta terça-feira, 3, de um evento institucional em Mato Grosso do Sul. Durante sua fala, ele abordou as investigações que envolvem seis desembargadores do estado, acusados de corrupção e venda de decisões judiciais.

Os magistrados em questão, sendo cinco em exercício e um aposentado, estão sob investigação da Polícia Federal e da Corregedoria do CNJ. Os desembargadores ativos foram afastados de suas funções e estão sendo monitorados por meio de tornozeleiras eletrônicas.

Barroso enfatizou que ninguém deve ser condenado antes do devido processo legal, afirmando: “Evidentemente, ao final do devido processo legal, se tiver acontecido coisa errada, nós estamos aqui para as sanções adequadas. Mas não antes da hora.”

Os comentários do ministro foram feitos durante o 18º Encontro Nacional do Poder Judiciário, que este ano ocorre em Mato Grosso do Sul. Apesar de discussões sobre a possibilidade de mudar o local do evento devido ao desgaste causado pelas investigações, Barroso optou por manter a programação.

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O presidente do STF destacou ainda que “não pré-julgamos, nós só condenamos ao final do devido processo legal. Portanto, não realizar o evento aqui em Mato Grosso do Sul seria um pré-julgamento que não corresponde à maneira como achamos que a vida deve ser vivida.”

Barroso ressaltou que as instituições são maiores do que as pessoas que eventualmente tenham cometido erros, sublinhando que o Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul conta com centenas de magistrados. “Consequentemente, cancelar porque há uma investigação sobre três pessoas seria, na verdade, um desprestígio para todo o Judiciário, que tem uma reputação elevada no cenário nacional”, afirmou.

O ministro também apresentou dados sobre as punições de magistrados pelo CNJ, revelando que, no último ano, foram realizadas cinco aposentadorias compulsórias e 19 afastamentos cautelares. Ele classificou esses números como “ínfimos” em relação ao total de juízes no Brasil.

“Os números mostram que punimos uma quantidade limitada de juízes, mas que o Poder Judiciário não compactua com as coisas erradas quando elas acontecem”, concluiu Barroso.

Além de Mato Grosso do Sul, desembargadores de outros seis estados — Bahia, Mato Grosso, Tocantins, São Paulo, Espírito Santo e Maranhão — também estão sob investigação por suspeita de envolvimento em esquemas de venda de decisões. Todos os processos disciplinares relacionados aos magistrados estão em trâmite na Corregedoria do CNJ.

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